sábado, 10 de julho de 2010

A FUNÇÃO SOCIO-CULTURAL DA HISTÓRIA

A ciência histórica moderna quando se utiliza do conceito de “social”, é no sentido principalmente de que classes sociais se apropriam em diversos graus dos meios de produção. Na história recente da humanidade em se configurou o capitalismo, a classe trabalhadora foi totalmente expropriada da propriedade dos meios de produção e se tornou apenas uma mera vendedora da sua força de trabalho.
O outro conceito colocado de “identidade”, poderá caracterizar a forma em que essa base econômica se impõe e o corolário ideológico da qual ela resulta.
Assim, formações sociais centrais do mundo europeu desenvolveram uma identidade social com baixíssimo grau de miscigenação racial e têm características econômicas dominantes que impõem seu modo de viver, de pensar, sua legislação, enfim, o modelo de civilização que representam. As formações sociais periféricas e economicamente dependentes são dessa forma, violentadas da sua genuinidade cultural e se reorganizam com suas economias voltadas pra atender aos interesses externos.
O arrazoado anterior tem como base, o desencadeamento da expansão além mar promovido por Portugal e Espanha, que foram as nações pioneiras na criação do espaço mundial, portanto, também pioneiras do mundo globalizado.
O homem em tempos mais remotos, quando desenvolveu todo o artifício que gerou a cultura humana e que deixou a evolução biológica em segundo plano, era ainda muito subjugado pelo espaço natural. Mas as relações trabalho x natureza e relações sociais de produção desenvolveram o progressivo e ininterrupto desenvolvimento de técnicas que resultaram num alto grau de domínio do homem sobre a natureza.
Ao realizar este processo o homem se tornou um construtor de espaços artificiais por excelência. Desprovido de recursos corporais para conviver com diversos climas e ambientes, evoluiu das simples adaptações artificiais ao meio quando substituía a falta de pelos por capotes de pele e usando inicialmente cavernas como abrigo, a criador de megalópoles totalmente diferentes de espaços selvagens e virgens. De forma, que o habitante de uma grande cidade se colocado numa selva dificilmente sobreviverá, e também um índio se colocado em contato com o mundo industrializado, não saberia o que fazer no universo de símbolos, tecnologia e concreto de uma grande cidade qualquer.





Partindo-se do pressuposto de que uma sociedade ideal está para ser construída, o devir histórico só poderá ter a transformação social como meta. As forças de permanência do mundo como ele está, aviltam as condições de vida de continentes inteiros. Portanto, valorizar o homem, sua história e sua cultura no ensino da História, deverá levar a transformação do mundo como meta.

Conceitos como cidadania, política e organização popular, devem fazer parte dos conteúdos do ensino da história. Construir junto com o aluno, principalmente da escola pública, a consciência do seu papel na história deverá ser a principal meta do educador.

A história factual sempre atribuiu à realização de grandes fatos políticos e as grandes transformações sociais aos grandes homens. Sempre deixou em segundo plano o soldado na batalha, o trabalhador no campo ou na cidade.

Aqueles que têm o ofício de ensinar a História terão que saber filtrar os vícios ideológicos da História Oficial, tais como, o eurocentrismo na periodização da história que não leva em consideração a história de povos de outros continentes; a atribuição da liberdade dos escravos a bondade da Princesa, sem levar em consideração a resistência história dos negros a escravidão, etc.

Os aspectos culturais mais importantes de uma nação são construídos pelo povo e não pelas elites dominantes. Normalmente, a cultura formal e elitista tem fartura de registros e se perpetua. A cultura popular, mesmo sem registro, se perpetua oralmente, porque não é construída artificialmente, ela é própria vida do povo.

Não se tem mais espaço para uma história meramente narrativa de grandes fatos, decorativa e que não leve em consideração a dinâmica da vida social. Como o chama a atenção Maurice Dobb: “A História, terá que ser vista como processo, significa dizer uma estrutura dialética; por conseguinte, contrapõe-se àquela visão tradicional de História factual, apoiada num tempo linear já dado e não posto em questionamento”.

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