terça-feira, 31 de maio de 2011

ESPLANADA ÀS ESCURAS

Nossa cidade nunca teve uma vida noturna muito agitada. A noite só funciona mesmo os colégios, as casas de culto e alguns poucos bares e barracas abertos até por volta das 10hs. Atualmente nossa vida noturna resume- se ao madrugar da Sorveteria Capricho embalada pelos duelos de som (leia-se: axé music e pagode) das cornetas dos carros dos fregueses.
Mas isso não quer dizer que tenhamos que viver praticamente às escuras! A iluminação da Praça Ladislau Cavalcanti, do Cristo e da própria Prefeitura Nova, é sofrível. O que existe são pontos precariamente iluminados perto dos postes e centenas de espaços escuros junto e entre as árvores, moitas e casas. Ruas inteiras são dominadas pela escuridão cúmplice dos amantes noturnos.
A luz amarelada emitida por essas lâmpadas não realçam a pompa provinciana do Cristo e da Prefeitura, obras que dão tanto orgulho a esse grupo político. O que ela faz é causar insegurança e medo aos transeuntes de sair ou mesmo dar uma caminhada no Calçadão. Afinal, os pontos escuros provocados pela péssima iluminação são verdadeiros convites a embocadas de malfeitores. Não ver isso que não quer.
Talvez conviver pacificamente com essa falta de luz na cidade seja muito simbólico. Talvez estejamos convivendo com outras “faltas” desse grupo político somente por termos nossos interesses imediatos defendidos. Isso vale tanto para povo mais simples como para minoria privilegiada da nossa cidade. Interesse fica aqui entendido, como algo que vai de um pagamento de conta de água ou luz, aluguel de uma casa, locação de veículos a cargos comissionados ou de confiança.
Temos convivido com uma administração abaixo da crítica; com uma câmara de vereadores inapta para sua função; com o mau uso do dinheiro público; com péssimos serviços de saúde e educação, e nos comportando como em relação à sofrível iluminação da nossa cidade. Recolhendo-nos em nossos lares pretensamente seguros. Mas até quando?
Vejam o que diz o site gurupionline.com.br sobre iluminação pública:

A iluminação pública é essencial à qualidade de vida nos centros urbanos, atuando como instrumento de cidadania, permitindo aos habitantes desfrutar, plenamente, do espaço público no período noturno. Isso quando ela existe.
Além de estar diretamente ligada à segurança pública no tráfego, a iluminação pública previne a criminalidade, embeleza as áreas urbanas, destaca e valoriza monumentos, prédios e paisagens, facilita a hierarquia viária, orienta percursos e aproveita melhor as áreas de lazer.
A melhoria da qualidade dos sistemas de iluminação pública traduz-se em melhor imagem da cidade, favorecendo o turismo, o comércio, e o lazer noturno, ampliando a cultura do uso eficiente e racional da energia elétrica, contribuindo, assim, para o desenvolvimento social e econômico da população.

Cabe então a pergunta: nossos governantes aplicam essas orientações? Diante disso é muito irônico a gente ver uma Equipe de Iluminação Pública dando satisfação ao Esplanada News sobre às queixas de falta de EPI (equipamento de proteção individual) dos funcionários da equipe. Quando na verdade o que falta mesmo é iluminação de qualidade em nossa cidade.
É lamentável ver a fácil e constante desconstrução do discurso daqueles que dizem que amam Esplanada no hino municipal. Deixando o objeto do seu amor, no caso, a cidade, totalmente às escuras, privando o prazer do olhar noturno da beleza da nossa cidade tanto para seus moradores como para os seus visitantes.
Ari, O Iconoclasta. Esplanada, 31 de maio de 2011 às 18h00min.

terça-feira, 17 de maio de 2011

PELA PISTA DE SKATE E PELO ABASTECIMENTO D’ÁGUA

A demanda freqüente e espontânea de um espaço para a prática do skate pela população jovem de Esplanada, resultou na indicação da criação de uma pista de skate na Rua do Malombê, sugestão do vereador César Mamão durante uma sessão da câmara de vereadores.
Depois de se manifestarem nas rede sociais através de fóruns e enquetes nas comunidades: ESPLANADA (postado por hemilio kill) e na MUDA ESPLANADA! (postado por Salustiano Costa) finalmente, os jovens obtiveram a atenção necessária de quem detém o poder e os meios de realizar o legitimo e salutar desejo da construção de uma pista de skate em Esplanada.
Está aí, uma forma saudável da população e da Câmara de Vereadores se relacionaram. É legitimo e faz parte do jogo democrático a procura do voto para quem precisa dele para ter um mandato. É dessa sensibilidade que um vereador precisa para ser um bom político e ter a aprovação de uma comunidade. No Brasil infelizmente, os vereadores tornaram-se, em sua maioria, uma extensão do executivo. Os vereadores em vez de controlarem o executivo passaram a ser uma extensão dele, para manter seu eleitorado com pequenos favores como pagamento de recibo de água, de luz, servir de mediadores na prestação de serviços públicos (leia-e saúde, INSS, educação etc.) e obter vantagens pessoais. Virou um jogo entre gato e rato, como bem disse o prefeito Diolando.
De “mamão” o vereador César não teve nada, ao perceber essa ânsia legítima dos jovens e captar para si com justeza a primeira indicação parlamentar da criação de uma pista do esporte radical que tem mais crescido no Brasil. A juventude esplanadense não ficou fora dessa onda esportiva que veio para ficar, tampouco o vereador César Mamão.
Aproveitando a oportunidade gostaria de lembrar ao vereador César Mamão e a Câmara de Vereadores que usassem de sensibilidade política em relação ao precário abastecimento da água feito pela EMBASA em Esplanada. É insuportável a vida de quem precisa que a EMBASA forneça água todo o dia. Porque está escrito no DECRETO Nº 3.060 de 29 de abril de 1994: Compete a EMBASA efetuar o abastecimento de água e esgotamento sanitário de forma contínua e permanente, salvo as interrupções para manutenção, caso fortuito ou força maior.
Não está escrito que temos que ter um reservatório de 30 mil litros de água para amenizar a falta de competência da EMBASA para nos fornecer água de forma digna. Se a elite social de Esplanada pode fazer esse reservatório, então está sendo digno para ela, não para o restante da população.
Não está escrito também que temos que ter uma população apática e covarde que sofre com isso calada, com medo não se sabe de quê. Nem tampouco que temos que ter uma classe política e uma elite social tão indiferente as necessidades do povo, a não ser quando querem enfiar um candidato da sua conveniência goela adentro do pobre e incauto eleitorado esplanadense.
Ari, O Iconoclasta, Esplanada, 16 de maio de 2011 às 05h9min.

DEUS: SUBSTANTIVO CONCRETO

Não é só a gramática que afirma que Deus é substantivo concreto. Nada no mundo tem mais materialidade e concretude do que a crença em Deus. Mesmo o Apóstolo João afirmando em (Jo 1:18) que “Ninguém jamais viu a Deus”, Deus teimou em se materializar na pujança milenar da Igreja Católica e nas centenas de denominações ditas evangélicas que se espalharam mundo afora. Não esquecendo da religiosidade oriental em muitos aspectos bem mais acabada que o simplificado maniqueísmo da luta entre o bem e o mal que o cristianismo ocidental nos impõs.
Os milagres da ciência médica que dobraram o tempo de vida da humanidade; a evolução tecnológica que nos faz atravessar o planeta em naves tonitruantes e outros tantos milagres do pensamento metódico e racional, se incorporaram como naturais ao nosso cotidiano. Em compensação os milagres da fé continuam mantendo o seu fascínio primitivo.
A quantidade de maravilhas da fé anunciados pelas religiões cristãs não conseguem vulgarizar o milagre, tampouco a crença em Deus. Do jeito que vai, o SUS (Sistema Único de Saúde) vai entrar em parceria com as religiões cristãs e acabar com o déficit na Previdência. A quantidade de pessoas que são curadas de tudo quanto é tipo de doença nos púlpitos de templos cristãos, não está no gibi!
Durante os últimos 30 anos as igrejas evangélicas tem crescido pelo menos 2 vezes mais rapidamente do que a população. Se somarmos a isso a proliferação do pensamento religioso oriental através das religiões de de práticas médicas alternativas, podemos deduzir que o pensamento irracional, baseado na fé num Deus jamais visto, só fez crescer.
Parece que temos uma necessidade atávica, primária de acreditarmos em alguma coisa além de nós mesmos. Parece que a ciência só satisfaz as necessidades do corpo e não as necessidades da alma humana. Daí é instigante a gente ver nascer, diante do shoping Iguatemi - templo do consumo do capitalismo - um templo dedicado a Deus,, pomposo e triunfante, num dos metros quadrados mais caros de Salvador.
Deus é concreto porque nós o transformamos numa instituição. Reis, rainhas, estados nacionais modernos e nações imperialistas contemporâneas, usaram e usam o seu santo nome em vão. Está escrito em Filipenses 1:07: “Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento ou em verdade, nisto me regozijo, e me regozijarei ainda”. Pois, eu me importo! Causa-me profunda indignação ver tanta pessoas e instituições iníquas usando o nome de Deus para explorar pessoa simplórias e com issoo obterem vantagens materiais. Acreditem, não são só as autoridades temporais que maculam o nome de Deus. As religiosas o fazem com maior intensidade e vileza.
Deus para ser concreto em nossa vidas não precisa estar concretado em ferro, cimento e tijolo em Cristos Rendentores Provincianos, nem tampouco em catedrais pomposas que mais parecem museus. Talvez exista uma concretude divina que não habite as cores vivas das vestes dos cardeais e nem tampouco habite o espetáculo miraculoso da fé filmada em cultos evangélicos. Talvez longe desses ritos possamos nos encontrar e nos apaixonar de forma íntima e única com o mistério da existência. E para isso não precisamos de mediador nem concreto nenhum em nome de Deus.
Ari, O Iconoclasta. Salvador, 14 de maio de 2011, às 04h15min.