sábado, 10 de julho de 2010

A EMBASA E O DESPERDÍCIO-NOSSO DE CADA DIA

Já há alguns bons anos, o neoliberalismo do nosso tempo, decidiu que alguns serviços públicos deveriam ser terceirizados, ou seja, entregues a iniciativa privada com o objetivo de prestar um serviço público eficiente e de qualidade.
Não é o que tem acontecido com a EMBASA em Esplanada. Há vários verões e com raríssimas exceções, temos sofrido com a falta de água. Dizem que roubam e sabotam as bombas. Não avisam com antecedência a possível falta de água. Mas, não hesitam a cobrar até pelo vento que implacáveis medidores computam para a gente pagar.
Tudo isso é tolerável. Mas o que está acontecendo desde que a Caixa de Água foi construída é simplesmente inadmissível. Quase todos os dias um grosso filete de água cai da Caixa, da altura de uns 40 metros a dois metros do escritório da EMBASA, criando um charco de água, onde crianças e os boêmios de plantão vão curar sua ressaca nas manhãs frias desse inverno.
Afinal, não é todo dia que temos uma pequena cachoeira de água tratada, coletada in natura, transportada e depois distribuída à população e que banha de forma poética e lúdica as crianças da rua, e alimenta a poluída Bica com água limpa.
Pasmem! Caros (e)leitores, existem relatos de moradores com cerca de 40 anos que dizem que já tomou banho nessa cachoeira artificial ofertada a população às nossas custas.
Assim, da mesma forma alienante que começamos a achar natural esse desperdício cotidiano da EMBASA, também aprendemos a conviver pacificamente com a produção desse mundo cheio de desigualdades. Alguns governantes mentirosos dizem que existem razões reais e não mentirosas para tenhamos em nossa sociedade, a convivência natural do doutor e do analfabeto, do rico e do pobre, quem tem poder político e quem obedece. l
Não faz sentido uma empresa que busca o lucro ter ser produto, no caso a água, desperdiçado e pagar por este desperdício. Mas sabendo que quem paga a conta é a população, ela está pouco se lixando. Porque se esse desperdício causasse prejuízo no faturamento da EMBASA, ela já tinha resolvido o problema, faz tempo.
Enquanto isso, a população assiste passiva a esse desperdício institucionalizado. Cidadãos esplanadenses que se queixam nos papos do dia-a-dia, não se dirigirem ao Ministério Público, (é o que se diz), a Câmera de vereadores ou até mesmo a Embasa, para que ela tome providências e que resolva esse problema.
O cumprimento daquilo que reza a Constituição só depende da aplicação da nossa cidadania. Temos que saber que o estado não é uma entidade distante. O governo somos nós. Em nossas vidas o governo é praticamente onipresente. Se nós não o provocarmos para reivindicar nossos direitos nada vai acontecer. Caros (e)leitores, não esperem boa vontade de certos governantes.
Viver de favores de políticos que usam nosso dinheiro para nos controlar, ser tolerante com órgãos públicos e privados que nos desrespeitam, é o que torna nosso país um palco de pessoas despolitizadas, subservientes e com dificuldades de lutar por seus direitos.
O que os esplanadenses exigem, é que a EMBASA não mais espere para que esse desperdício que acontece a dois metros do seu escritório e que lança a lama sobre sua parede, acabe, por finalmente, ter FIM.
Professor Ari, O Iconoclasta. Esplanada, 29 de junho de 2010, às 08hs16min.

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