segunda-feira, 30 de julho de 2012

POR QUE EXISTEM RICOS E POBRES?



QUAL A DIFERENÇA 
ENTRE UMA PESSOA NASCER UM MATARAZZO
OU UM ZÉ DA SILVA?
PELO SOBRENOME NOTA-SE LOGO
A DIFERENÇA É ECONÔMICA
EU SEI QUE SOMOS TODOS
ONTOLOGICAMENTE HUMANOS
MAS QUANTA DIFERENÇA!
O MATARAZZO POR NASCER RICO
NASCE CHEIO DE OPÇÕES
NA PROFISSÃO, NOS ESTUDOS, NA VIDA SOCIAL
ZÉ DA SILVA OPRIMIDO
TALVEZ NUNCA VÁ ESTUDAR
SE ESTUDAR NUNCA VAI OCUPAR POSTOS GERENCIAIS
VAI SER UM SUBALTERNO PROFISSIONAL
O QUE VAI OBEDECER ORDENS
PRA CONSEGUIR COMER E TER UM CASA
VAI TER QUE SUAR MUITO
OU ENTÃO BUSCAR OS ATALHOS COMO A VIOLÊNCIA
OU COMO MUITOS A CORRUPÇÃO
ESSA DIFERENÇA ENTRE RICO E POBRE
FOI CRIADO POR DEUS?
A RESPOSTA É NÃO!
NÓS ESTABELECEMOS RELAÇÕES SOCIAIS
GERADORAS DE RICOS E POBRES
NADA TEM A VER OM QUALQUER DIVINDADE
MAS AÍ INVENTAMOS O ESTADO
O GRANDE LEVIATÃ
O MONSTRO HIPÓCRITA 
QUE SE DIZ MEDIADOR ENTRE POBRES E RICOS
POIS EU LHES DIGO
O QUE ELE FAZ É CRIAR NOVOS RICOS
PARA DAR AOS POBRES A ILUSÃO 
DE QUE PODEM ASCENDER SOCIALMENTE
OLHE PRA NOSSA CIDADE
VEJA QUANTOS "ZÉS DA SILVA" FICARAM RICOS
MAS SABE A CUSTA DE QUEM?
DO DINHEIRO QUE O ESTADO DEVIA
PRESTAR SERVIÇOS AOS POBRES
MAS O POBRE NÃO PERCEBE A EXPLORAÇÃO
ELE SE ENCANTA COM O ENRIQUECIMENTO DO OUTRO POBRE
FICA ALI
ESPERANDO MIGALHAS
OS RESTOS DA FARTURA DA CORRUPÇÃO
CONFORMA-SE COM A SITUAÇÃO
ENTREGAM TUDO 
AO MISTÉRIO DA VONTADE DE DEUS
MAS NO ÍNTIMO SABEM
QUE FARIAM IGUALZINHO AO CORRUPTOR E AO CORRUPTO
SE TIVESSEM OPORTUNIDADE
É TAMBÉM POR ISSO QUE TOLERAM TUDO
ENTÃO VÃO AS IGREJAS
OS ABASTADOS BUSCANDO MAIS RIQUEZA
E O POBRE BUSCANDO CONSOLO 
PRA SUA EXPLORAÇÃO NÃO PERCEBIDA
É NESSE ENREDO
QUE ESTAMOS IMERSOS HÁ MUITO, MUITO TEMPO
DESSA HIPNOSE É DIFÍCIL SAIR
POR QUE QUEM SE FAVORECE PROCURA MANTÊ-LA
E QUEM SOFRE COM ELA ACEITA TOLAS EXPLICAÇÕES

ARI, O ICONOCLASTA. ESPLANADA, 29 DE JULHO DE 2012, ÀS 21H45MIN.

EMPREGUETES




O nome glamouriza as empregadas domésticas
São rainhas da cozinha da casa grande moderna
São artistas da ficção global
A empregada baiana de sorriso farto
Esconde as dificuldades da profissão
Esconde o submundo 
Das empreguedes anônimas e sem charme
São subempregadas, subcultas e submissas
São hiperexploradas
No anônimo e enfadonho cotidiano das casas de família
Ainda continuam iniciando os Patricinhos
Na vida sexual
Quando não são escrava sexuais dos patrões
Alguns diriam
Isso é coisa do passado
Não é não
É do presente
Os meios de comunicação deveriam o enaltecer
O debate
O conflito
Os desejos, os sonhos e os interesses das classes
Em vez disso
Vendem visões harmônicas e pacíficas
Entre classes naturalmente conflitantes
Vendem a emoção fácil
Regida por trilhas sonoras melosas
Glamourizando a difícil realidade
das empregadas domésticas
Agora "elevadas" a condição de empreguetes
Não sei de quem
Não são Latinetes 
Então devem ser do sistema mesmo.
Ari, O Iconoclasta. Esplanada, 28 de julho, às 14h:17min.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

EM QUE ESTOU PENSANDO?


Eu tô pensando
que ainda penso.
E aqueles que são incapazes de pensar?
Aqueles que apenas reproduzem clichês
herdados de forma acrítica.
São soldados do sistema sem saber.
Suas convicções lhe são convenientes
mesmo quando percebem o erro,
acham tarde demais pra mudar.
E eu aqui
com minha rebeldia nem por mim compreendida
Sigo assim meu caminho
sendo ora semente, ora terra
dos significados do cotidiano.

Ari, O Iconoclasta. Esplanada, 12 de julho de 2012, às 22h40min.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

PALAVRAS PÓSTUMAS PRA TOM


Ele nunca se adaptou a cidade grande. Tinha uma alma interiorana. Preferia a proximidade dos seus entes queridos e a vida besta do interior. As ambições do sistema nunca lhe encantaram. Econômico, valorizava o que ganhava. Só era perdulário diante do seu filho amado.
Impulsionado pelo apelo imperioso de ter uma casa e melhorar de vida, contrariou suas preferências e foi pro “trecho”. O trabalho duro, mas recompensador, o tirava da proximidade dos seus entes queridos. Isso talvez tenha sido demais pro seu coração.
Sua morte precoce e triste, nos deixa a lição de que temos que viver a vida intensamente todos os dias como se fossem os últimos.
Tom, seu diapasão era seu riso fácil. Sua voz não hesitava no galantear respeitoso às moças bonitas. Não bebia e nem fumava. Não precisava dessas muletas pra se divertir. Divertia-se com o ridículo andar inseguro dos amigos bêbados. Gargalhava diante dos exageros, dos risos, dos dramas e dos surtos dos quem já estava “pra lá de Bagdá” depois de beberem incontáveis cervejas.
Era uma pessoa pura. Não esperava o inesperado. Acho que existem pessoas sentimentais demais. Elas não elaboram, não traduzem em gestos rebeldes, em manifestações de inquietação, mas esse mundo torna-se demais pra elas. É muito significativo que elas sofram do coração, o órgão que simboliza a alma e seus sentimentos.
Fica a lembrança do seu constante sorriso, da sua alegria inabalável e a certeza de que fostes feliz e amado em sua passagem intensa e efêmera por essa dimensão.
Deus o abençoe vizinho amigo.
Ari, O Iconoclasta. Esplanada, 12 de julho de 2012, às 16h06min.