domingo, 23 de janeiro de 2011

PREFEITO DIOLANDO, 1ª. DAMA LUIZA E “FAMÍLIA DE PROFISSIONAL DE LIMPEZA”

Essa é a legenda de uma foto do Jornal Tribuna do Estado, edição de Janeiro de 2011, noticiando a eleitoreira Festa do Gari que acontece em nosso município já alguns anos.
Repare caro leitor que o Prefeito tem nome, a Primeira Dama também, mas justamente o nome para quem a festa foi feita, é totalmente ignorado! Os redatores fizeram isso de forma inconsciente, não intencional, porque tanto eles, quanto nós aprendemos achar natural desde cedo a desigualdade no ter, no poder e saber. Essa gafe, desrespeito, pecadilho ou como se queira que a chamemos, muitas vezes, não é percebida.
Não percebemos essas coisas porque temos a visão anuviada pela ideologia. Que nada mais é a construção diária da mentira de que somente uma minoria pode concentrar poder político, poder econômico e o poder do conhecimento em suas mãos. É justamente isso que o voto faz. Concentrar poderes nas mãos de poucos para governar a vontade da maioria.
Se quisessem valorizar o Gari, ou profissional de limpeza, como assim os chamou o jornal, que pelo menos mencionassem os nomes dos pais e dos filhos de para quem a festa foi feita. Em vez disso realçaram os nomes de vereadores e autoridades como grandes benfeitores e impuseram um anonimato desrespeitoso para os homenageados em questão.
Essa exclusão documental das classes trabalhadoras faz com que a ciência histórica, até hoje, careça de fontes documentais que sirvam para contar a história dos oprimidos. Se um dia alguém for usar esse jornal como fonte de pesquisa, vai logo se deparar com a dificuldade de saber quais os nomes, quem era, onde moravam os componentes da família do Gari. Por outro lado, vai logo identificar a família do governante que é quem detém o poder político. Afinal, não é o dinheiro público por decisão do prefeito que paga as edições de qualquer divulgação dos feitos do governante? Vide, o Programa A Hora do Povo, na 104 FM.
Não identificar, não dar nome ao trabalhador numa festa feita em sua homenagem é uma maneira de considerá-lo uma massa amorfa, sem identidade ou vontade, facilmente manipulável em sua pobreza material e ideológica, através do uso do poder econômico diariamente e especialmente durante as eleições. Dessa forma, dissolve-se a identidade e auto-estima desse trabalhador numa generalização gratuita. A ele e sua família se referem com a simplificadora expressão: Profissional de Limpeza ou simplesmente Gari.
Reparem. O mesmo grupo político que menciona numa placa de forma demagógica os nomes dos trabalhadores construtores do Centro Administrativo é o mesmo grupo, que em muitos incidentes como esse, é incapaz de se dar ao trabalho de mencionar numa foto que divulga a festa dos Garis, os nomes dos profissionais que compõem a classe desses trabalhadores.
A “FAMÍLIA DE PROFISSIONAL DE LIMPEZA”, não é só anônima nessa festa demagógica, é também anônima em seus direitos trabalhistas. Anônima mais ainda na precariedade dos serviços de saúde, educação e moradia prestados pelo estado em todas as suas instâncias, municipal, estadual e federal.
Enfim, a Festa Anual dos Garis, deveria servir como um momento de celebração de trabalhadores que prestam um serviço tão fundamental em nossa comunidade, e não para a promoção de qualquer grupo político. Amém.
Ari, O Iconoclasta. Esplanada, 21 de janeiro de 2011, às 16h30min.