terça-feira, 20 de março de 2012

ALÉM DO BEM E DO MAL



Dizem que a classe média é o sustentáculo moral da sociedade. Não concordo. Ela costuma ficar entre a miséria amoral das classes pobres e cinismo ético da classe rica. A classe média é ávida por vantagens fáceis. E em nome dessa avidez costuma blindar personas públicas.
O plano real, principalmente na gestão de Lula, retirou milhares de pessoas da linha da pobreza e gerou uma nova classe média. A estabilidade inflacionária gerou crescimento econômico. Entretanto, no plano real, apesar do bolo do PIB (Produto Interno Bruto) ter crescido, ele não mexeu na estrutura de concentração renda da economia.
Em Esplanada assistimos o nascer de uma classe média local alicerçada no plano macro pelo real e no plano micro, pela proposta concentradora de renda dos governos de Aldemir e Diolando. Além do nascimento de uma classe média ligada a prefeitura local, também temos tido indícios de enriquecimentos ilícitos.
É esse fenômeno local que criou uma classe média que procurar esconder, minimizar ou esquecer os pecados da figura pública de Aldemir e realçar os defeitos de Grisi. Até hoje sempre que podem postam no esplanada news, o incidente de prepostos de Grisi oferecendo carros de brinquedo em vez de ambulâncias reais para atender a população.
Mas essa mesma classe média não comenta com o mesmo afã, a morte na fossa da moradora do condomínio apelidado de Cidade de Deus. Também não comenta a morte durante o trabalho do operador de máquinas na construção do contorno na BR 101. Pior ainda, não consegue “folclorizar” as muitas vezes que José Aldemir discursou ostensivamente embriagado.
Acho que essa polaridade Grisi versus Aldemir nociva para o crescimento político da nossa comunidade. Não podemos ficar satisfeitos com religião, esmolas e festas, se contrapondo ao mito do médico malvado. Precisamos de um real humanização dos recursos públicos. Os recursos públicos não podem a serviço de megalomanias pessoais, religiosas ou administrativas.
Como bem disse Cláudio Cunha em seu último artigo publicado no esplanada news as oposições devem se unir e propor uma alternativa de gestão pública diferenciada destes dois modelos (Aldemir e Grisi) claramente esgotados. (pelo menos foi assim que entendi)
A força política de Aldemir se deve ao comodismo, a falta de imaginação e a falta de preocupação com o coletivo da classe média esplanadense. Ela só se preocupa com o próprio umbigo. Famílias inteiras e por três gerações(avô, pai e filhos) se apropriam de cargos de confiança, prestação de serviços e venda de produtos. Estão instaladas na prefeitura e não querem largar esse bolo.
O bloco da situação em Esplanada apesar de vender o peixe de uma cisão entre Aldemir e Diolando, nos bastidores continua unido e dando continuidade ao seu projeto de poder e usa de todos os artifícios para nele ficar. Entre eles está a cooptação eleitoral através da prática do clientelismo, do nepotismo e da agregação de forças religiosas (evangélicos, católicos) e de grupos rurais.
Da oposição o único a articular até o momento um projeto alternativo de gestão é Rodrigo de Dedé. Entre as estratégias de ação está o seu falar diário num programa de rádio, o chamamento de um grupo pessoas para orquestração de uma oposição partidária e a discussão sistemática de questões, como por exemplo, segurança pública, entre outras que envolvem nossa comunidade.
Tudo isso é importante, mas precisamos de mais, muito mais se quisermos fazer frente ao poder instalado em Esplanda. Existe milhares de eleitores que não fazem parte dessa panela e têm indignação e vontade de verem nossa cidade dignamente administrada. É desse grupo que deve nascer um projeto político alternativo para nossa cidade.
Ari, O Iconoclasta. Esplanada, 18 de março de 2012, às 21h27min.