quinta-feira, 28 de outubro de 2010

MARINA PODE SER A TERCEIRA VIA DO BRASIL. E A NOSSA?

A polarização PSDB/PT tem sido a tônica do processo político brasileiro após a redemocratização. É consenso que essa polarização tem empobrecido a vida política brasileira. Os votos de Marina mostram que boa parte dos brasileiros quer a mudança desse processo.
Segundo Marina os votos que ela teve têm as seguintes características: é um voto de opinião, que está cansado do desgaste dos ataques pessoais em vez das discussões programáticas e principalmente é um voto que privilegia a ética nas relações institucionais e políticas do país.
Em 2014, embora não admita, Marina é virtual candidata com grandes chances de crescimento eleitoral, podendo até mesmo ganhar a eleição para presidente do Brasil.
Esplanada em termos territoriais e de população é muitíssimo pequena em relação ao país, mas isso não impede que façamos comparações. Como o Brasil, e até de forma mais intensa, estamos vivendo uma polarização Grisi/Aldemir já há uns 30 anos. Até mesmo Entre Rios, nosso vizinho, tem demonstrado vontade de experimentar, elegendo depois de Manoelito Argolo dois candidatos de perfis diferentes.
Enquanto isso o grupo no poder há 9 anos estabeleceu de forma racional a meta de criar uma estrutura de poder e não de governo. Ela se baseia nos seguintes pontos: Estratégia 1: Uso da religião como trunfo político- eleitoral. Ações: Construção do Cristo, Maciço investimento no São João, Patrocínio de Shows de estrelas evangélicas e católicas; Estratégia 2: Construção de ícones administrativos e cívicos. Ações: “Centro Administrativo”, Centro de Abastecimento, Hino de Esplanada e o Gigante Branco na entrada no entroncamento do Conde. Estratégia 3: Cooptação dos setores médios e das oligarquias municipais. Ações: grande parte da folha, cerca de 500 mil reais somente pra cargos de confiança, todos os candidatos a vereador derrotados detêm algum tipo de cargo de confiança ou comissionado, compra de bens e serviços na cidade, mesmo que demore anos pra pagar e o uso do nome de pessoas notáveis, algumas nem tanto assim, em colégios, quadras e construção de estátuas. Estratégia 4: Assistencialismo Puro e Simples. Ações: feiras semanais em espécie, pagamento de operações médicas e a tão decantada casa de apoio, obrigação dos municípios.
A aplicação eficiente dessas estratégias junto a uma população formada por uma classe média que só enxerga seus próprios interesses e não os da cidade e do resto do povo, formada também pela subserviência ideológica de grande parte dos servidores públicos e pela maioria da população desempregada, sem perspectivas e ignorante ideologicamente, deu no que deu. Três vitórias eleitorais de Sr. José Aldemir e o grupo político que o acompanha, com o uso ostensivo da máquina pública
A Terceira Via em nossa cidade, terá que nascer através dos votos e do apoio político das forças políticas que compõem essa polarização local. Terá também que ter um projeto de gestão pública que contemple o emprego, as ações ambientais, e principalmente os serviços públicos de saúde e educação, melhorando assim, as condições de vida do povo de Esplanada.
Já chega dessa mesmice. Ambos, José Aldemir e Fernando Grisi, já cumpriram sua função histórica em nosso município. Tornaram-se verdadeiros especuladores políticos. Está mais que na hora de uma administração pública menos concentradora de renda, menos fundamentalista baseada no apadrinhamento político da religiosidade hipócrita e na tutela assistencialista da prefeitura. Uma administração pública que saiba catalisar nossos potenciais de desenvolvimento econômico. Que tenha sensibilidade para usar nossas riquezas ambientais e matérias-primas para o desenvolvimento sustentável da nossa economia.
Temos gado de corte e leiteiro, temos coco, temos os assentamentos, temos petróleo, o qual, só nos serve através do nosso rico royalties. Não se tem uma política de absorção da nossa mão-de-obra pela Petrobrás. Nem que seja para as funções de apoio: serviço, limpeza etc. Temos nosso litoral, que está sendo loteado pelo capital estrangeiro para construção de resorts e não trazendo nenhum benefício para a população nativa.
Por fim, espero que caminhemos como o Brasil. Talvez em 2014 tenhamos uma surpresa com uma possível vitória eleitoral de Marina. Quem sabe também em 2014 não superemos essa polarização que nos “persegue” há tanto tempo. Amém!

Professor Ari, O Iconoclasta. Esplanada, 24 de outubro de 2010, às 02h14min.
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MINHA VIDA AGORA É JESUS

Outro dia fui oferecer um texto como sempre faço a uma transeunte e ela respondeu: “É de política? Não quero não. Minha vida agora é Jesus!”. Será que não leu os panfletos católicos de apoio a candidaturas? Ou não assistiu o horário eleitoral e viu pastores evangélicos pedindo votos? Será que nunca ouviu falar nas bancadas evangélicas nas Câmaras Legislativas Federais e Estaduais por esse país afora?
Essa resposta me fez refletir. As pessoas vêem a conversão, vêem aceitar Jesus, como uma forma de fugir da realidade. É como se a conversão colocasse as pessoas num mundo à parte. O mundo dos escolhidos de Deus que estão a esperar a Segunda Vinda de Cristo. Como se não mais trabalhassem, votassem ou pagassem impostos.
Seria bom, se nós nos convertêssemos e através da nossa fé, fôssemos abduzidos para um mundo celestial idealizado. Nesse mundo não existira políticos desonestos, tráfico e uso de drogas, crise de valores, desemprego, desarmonia familiar, violência, enfim, esse mundo seria o próprio paraíso.
Mas não é assim que funciona. Ao entregar à Segunda Vinda de Cristo a responsabilidade de transformação do mundo estamos atestando nossa falta de fé em nós mesmos. Estamos dizendo que não temos mais jeito e que só Deus pode nos salvar.
Dessa forma, estamos sendo coniventes com as almas iníquas que dominam o mundo e que vêem o próximo como um meio e não como o fim. Elas estão todos os dias a maquinar para dominar o outro. Almas que usam a mentira para tornar natural a desigualdade no ter, no poder e no saber, entre nós.
O que incomodaria mais a essas almas iníquas dominadoras do mundo temporal: milhões de católicos e evangélicos louvando ao Senhor, indo de casa em casa pregando as Boas Novas, ou milhões de trabalhadores, pessoas do povo, politizadas, conscientes e reivindicando seus direitos em sindicatos, em associações de bairros, etc.?
No Condomínio Recanto dos Pássaros, um morador morreu porque a tampa da fossa mal feita, dividida em duas partes e sem base de alvenaria rachou e ela morreu afogada em fezes. A maioria das outras fossas está nas mesmas péssimas condições. Eu pergunto: essa morte não poderia ter sido evitada? Será que foi obra da fatalidade? Será que estava na hora dessa pessoa morrer? Foi Deus que quis assim? Ou será que foi uma morte prematura, injusta e obra da negligência do poder público? Obra principalmente da nossa passividade e falta de consciência política.
Portanto, acredito que a conversão a Jesus deveria despertar mais amor ao próximo e indignação pelo que fazemos uns aos outros. Jesus pediu aos seus discípulos que se tornassem o sal do mundo. Será que esse tipo de conversão alienante que tira de nós a capacidade de tentar transformar esse mundo e entrega essa função a Deus, é positiva?
Jesus não desprezou o mundo temporal em sua vida aqui na Terra. Pelo contrário, estava tão inserido que os fariseus, os saduceus e as autoridades romanas conspiraram para crucificá-lo. O comportamento mundano do homem mudou ou foram os cristianismos que mudaram? Hoje as pessoas que se dizem cristãs estão tão inseridas nesse mundo iníquo que não mais se destacam das demais. A não ser por frases alienantes e escapistas como a que ouvi quando ofereci o texto: “É de política? Não quero não. Minha vida agora é Jesus!” Amém.
Professor Ari, O Iconoclasta. Esplanada, 28 de outubro de 2010, às 09h26min.
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sábado, 23 de outubro de 2010

GUERRA DOS SEXOS PELA PRESIDÊNCIA

Eu confesso. Votei em Lula 7 (sete) vezes. Não me arrependi. Mas esperava mais. Muito mais. Esperava por exemplo que a política de controle da inflação não se baseasse apenas, no controle do consumo através da taxa de juros. Que não se mantivesse a natureza concentradora de renda do Plano Real. Esperava também que a política de transferência de renda não se baseasse apenas na eleitoreira Bolsa Família. Ah! Também esperava ver a ética e a moral serem mais respeitadas.
Onde estão as grandes reformas? Por exemplo, a Reforma Tributária, a Reforma Política e da Previdência? Nenhuma delas foi feita. A educação, por exemplo, não teve avanços significativos. Enquanto o Chile investe cerca de 15% do PIB, o Brasil não chega nem a 5%. Fez tantas concessões políticas, ideológicas e programáticas para ter maioria no Congresso Nacional e não transformou isso num trunfo para fazer as reformas necessárias, condizentes com um governo dito popular.
O que deu um tempero ideológico nas últimas eleições ─ desculpe a expressão “tempero” ela não tem nenhuma conotação machista ─ foi Marina. Desatrelada dos grandes interesses econômicos, mesmo assim teve 20 milhões de votos. Na próxima votarei nela de novo.
Diante da falta de imaginação de Serra, prometendo “mundos e fundos” para se eleger e de Lula que anda igual a bebê chorão porque no íntimo sabe que poderia fazer mais e não o fez. Do PSDB de Serra que foi competente para criar o Real. Plano que deu estabilidade a economia brasileira, há anos esperada por nós. Porém, foi incompetente para potencializar suas “virtudes”. Foi o que o PT fez. Alguém em sã consciência ao trocar os projetos políticos que vão disputar a presidência um pelo outro, ainda vai querer troco? São faces da mesma moeda. É bom não esquecer que no segundo turno as campanhas estão mais preocupadas em expor roupas sujas de ambas às candidaturas, do que falar com profundidade das propostas de governo.
Então só nos resta uma opção. Ceder ao argumento do voto de gênero e colocar uma mulher no poder. Pela primeira vez ao votar num presidente, não vou votar num projeto de governo. Meu voto vai ser no gênero feminino. Virei um feminista de plantão.
O que o mundo patriarcal e masculino nos deu? A exacerbação de um sistema econômico cruel que gerou os genocídios de civilizações tanto na América do Sul como na África. Deu-nos também duas bombas atômicas e duas guerras mundiais. Ah! Embora alguns céticos duvidem conquistamos a Lua! Eu pergunto: pra que mesmo, hem?
A mulher é minoria injustiçada. Depois de milhares de anos de subserviência e apedrejamentos, anda ocupando postos de trabalho e todas as funções antes de domínio masculino, elas estão desempenhando com igual, ou melhor, eficiência.
Cerca de 10 mulheres morrem por dia no Brasil, assassinadas. A mulher com que com sua beleza e graça é explorada nas revistas masculinas. A Mulher que é banalizada nos bailes funks da vida. A Mulher que é colocada em trajes íntimos até em roda dentária de bicicleta e gera bilhões de renda pra economia capitalista. Na Internet então o que não falta é a exploração vulgar da sensualidade feminina.
Talvez com uma mulher detentora do cargo mais alto da nação, os machistas de plantão de todas as classes sociais aprendam mais a respeitá-las. E vejam assim do que a mulher é capaz. Tão capaz que na maioria dos lares ela é o chefe de família.

Professor Ari, O Iconoclasta. Esplanada, 21 de outubro de 2010, às 19h42minmin.
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terça-feira, 19 de outubro de 2010

NOSSO DESTINO: O NOVO MUNDO ESPACIAL

Quando órgãos de abrangência mundial reconhecem a tendência para aumento da temperatura com conseqüências desastrosas para todo o planeta, é realmente para se preocupar. Normalmente os representantes oficiais do capitalismo neoliberal querem aumentar suas taxas médias de lucro, sem estarem “nem aí” para as conseqüências para o meio ambiente. Porém, agora, é diferente. A própria ONU, num estudo recente prevê o aumento decimal da temperatura terrestre, mas que apesar disto, trará conseqüências desastrosas para todo o planeta.
Nenhum oráculo mitológico jamais previu que aquela frágil espécie saída do grupo dos primatas, chamada modernamente de hominídeos, que fabricava a cerca de 40.000 anos atrás instrumentos de pedra, seria capaz de desenvolver nos tempos atuais a capacidade de agir e transformar a natureza com tamanha sofisticação e abrangência que chegasse a alterar a temperatura do ecossistema mundial.
Parece que é certo que daqui a cem anos teremos com o aquecimento global, outras nefastas conseqüências, freqüentes maremotos, o fim das calotas polares dos extremos da terra, tsunamis, ameaça de extinção de várias espécies, inclusive a do próprio homem, se nações como os EUA e a China, não pararem de lançar monóxido de carbono na atmosfera.
O fato é que a questão ambiental hoje é um problema mundial e que ameaça a espécie humana. Em breve, teremos que estar migrando para colonizar outros planetas. Literalmente buscarmos um “Novo Mundo”, porque estamos esgotando a capacidade de renovação da nossa casa, o planeta Terra.
A ironia é que nesse “Novo Mundo” espacial vamos repetir a mesma abordagem predatória. Igualzinho ao que fizemos na África, na América do Sul e na Ásia. Ao esgotarmos as possibilidades ambientais de nosso planeta, estaremos mostrando que somos incapazes de parar nosso impulso autodestrutivo e suicida, paradoxalmente motivado por nossa busca incessante de ter mais lucro. Finalmente, nosso Thánatos interior, o deus grego da morte, exibirá toda sua força e Eros, o deus grego do amor, como Jesus, será assassinado. Só que agora se assassinará toda a espécie humana.
A ciência e a tecnologia capazes de agredir de forma não sustentável o planeta, praticamente é do domínio de todas as nações do mundo. Não há mais espaços continentais a serem descobertos. Todo o mundo é conhecido e é conhecido entre si. Somos verdadeiramente uma aldeia global. Não só no sentido da capacidade de locomoção e comunicação, mas também no sentido de termos todos igualmente a capacidade para agredirmos o planeta.
O que nos resta agora, antes de buscarmos espaços siderais, é diminuirmos as taxas de lucro dos oligopólios mundiais, para investirmos em duas frentes: a busca de combustíveis alternativos e sustentáveis, e ao mesmo tempo a diminuição imediata da emissão de gases tóxicos na atmosfera.

Professor Ari, O Iconoclasta. Esplanada, 20 de outubro de 2010, às 20h09minmin.
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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

TIRIRICA SIM! PORQUE NÃO?

O voto do deboche não é algo novo na jovem democracia brasileira. Já que os políticos tradicionais e de carreira não correspondem a um mínimo de decência e respeito ao eleitor, o que ele faz? Vota nos Tiriricas da vida.
Votar em Tiririca é uma forma de protesto. Sabidamente analfabeto e desprovido do mínimo do que seria politicamente correto, ainda assim teve 1.300.000 votos!
Só se pode explicar esse fenômeno através do puro sarcasmo do eleitor. Não se pode crer que quem votou em Tiririca teve outra razão senão debochar da classe política brasileira.
Por outro lado é extremamente hipócrita que a mesma, queira impugnar seu mandato com o argumento espúrio de que ele é analfabeto. Ser analfabeto não quer dizer ser burro. Afinal, um analfabeto com idéias, honesto e bem assessorado pode exercer mandatos com muito mais eficiência que muitos doutores por aí.
Além disso, quantos milhares de prefeitos e vereadores desse país não ocupam cadeiras no Parlamento e no Poder Executivo mesmo sendo analfabetos e desonestos? Todos sabem, todos convivem com isso. Ser analfabeto, não é defeito, é apenas o fruto da falta de investimento em educação do próprio estado que o analfabeto eleito representa. A ironia é que um político analfabeto e desonesto contribui em que para acabar com o analfabetismo?
Vitórias eleitorais na democracia brasileira, salvo honrosas exceções são frutos da compra literal voto do eleitor. Ora, tais analfabetos compõem a estrutura de poder, então por que questionar analfabetismos quaisquer? Veja a contradição: o analfabeto pode votar e ao mesmo tempo não pode ser objeto do voto e ter um mandato.
As negociatas freqüentes, o cinismo do vale-tudo e aprovação de contas através de propinas é uma rotina. Como levar a sério as Câmaras Federais, Estaduais e Municipais desse país afora?
Recentemente ouvi de um Prefeito que a relação entre Poder Executivo e Legislativo é um jogo de “gato e rato”. E que ele sabia “enganar” os componentes do Legislativo. O que será que significa esse termo “enganar”? Será que é uma alusão a aquela situação costumeira de se dar um bombom a uma criança, consolando-a, em vez de dar um brinquedo de verdade?
Tiririca é fenômeno televisivo imbecilizante como tantos outros fenômenos da programação da TV aberta brasileira. Todos sabem. Não tem perfil ideal para exercer um mandato eletivo. E daí? Aqueles que achávamos que tinha não corresponderam às expectativas. Então vamos de Tiririca mesmo!
Tiriricas que se espalham nas Câmaras Municipais desse país como uma praga. Usam popularidades instantâneas, às vezes dinheiro, às vezes uma função burocrática e até religiosa para deterem uma mandato nas mãos.
São analfabetos fascinados como os alfabetizados, pela oportunidade que o estado brasileiro dá de mudarem de classe social. Literalmente enriquecem. Não é essa a função do estado de classe? Transformar pessoas do povo em novos ricos, como uma Loteria Federal, para dar a ilusão de que todos têm igual oportunidade?
O eleitor, por sua vez, se identifica com o pobre que “chegou lá”! Afinal, o slogan “O POVO NO PODER” foi o achado demagógico do atual grupo no poder político da nossa cidade. Quantos de nós pobres mortais, não estamos “felizes” de ver um de “nós”, um iletrado e ex-pobre no poder. Os “ricos” que deram o voto e mais alguma coisa, também estão felizes. O melhor prefeito para eles é aquele que se pode viver dizendo a todo o momento: “Você ocupa esse cargo graças ao apoio e ao meu dinheiro!”. É uma troca. Por fim, aceitamos seus desmandos e sua hipocrisia porque no fundo qualquer “dotô” branco faria até pior. Não é verdade? Amém.
Professor Ari, O Iconoclasta. Esplanada, 12 de outubro de 2010, às 15h05min.
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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

ASSÉDIO SOCIAL, UM TRIUNFO DO CAPITALISMO

Segundo o Dicionário Larousse, assediar significa: “sitiar, cercar. Importunar com pedidos ou perguntas”. Portanto, assédio enquanto fenômeno humano pode ser caracterizado em razão das múltiplas relações que estabelecemos: familiares, amorosas, sociais, profissionais etc..
Pregando a possibilidade de ascensão social (freqüentemente por meios ilícitos. Vide alguns novos ricos) e a igualdade (somente formal) entre os homens, o capitalismo tornou natural a existência da desigualdade econômica e social. O estado que teria a função de amenizar as desigualdades, na verdade, está a serviço da continuação delas.
Mesmo assim, temos evoluído. Não temos mais uma ditadura política e nos últimos tempos no meio jurídico da nossa jovem e estabelecida democracia burguesa, houve a definição e aplicação legal dos conceitos de Assédio Moral e Assédio Sexual.
Os dois tipos de assédio mencionados têm uma fonte comum. O agressor detém algum tipo de poder. Ora é econômico, ora gerencial, ora social. Determinados tipos de pessoas usam sua condição privilegiada para forçar a vítima a atender seus desejos. Ou seja, o domínio psicológico ou sexual da vítima.
Mas nossa sociedade pautada na desigualdade no ter, no saber e no poder, nos impõe outro tipo de assédio que chamo de Assédio Social. É o mais perigoso por que é a razão e a raiz de todos os outros. E o pior! É aceito como natural porque se constitui na natureza do sistema capitalista.
Quando milhões de eleitores de baixa renda, ignorantes ideologicamente e analfabetos seduzidos com a bolsa família se tornam uma mina de votos, que outro nome se pode dar a isso?
Quando no país afora cabos eleitorais de ocasião ganham para fazer listas de nomes e de números de títulos eleitorais e entregar o santinho do candidato com “30 real” dentro. Isso é ou não é Assédio Social?
Quando trabalhadores da Prefeitura Municipal de Esplanada recebem trinta por cento do que ganham para exercer o tal do “desdobramento”, também não é Assédio Social?
Poderia listar várias situações em que quem detém poder econômico o usa para levar as classes subalternas a atenderem seus desejos e interesses. Por outro lado, não se pode fazer um julgamento moral de quem se submete ao Assédio Social. A necessidade de sobrevivência, a ignorância ideológica e a falta de noção de classe, servem de álibis da nossa submissão. Até porque quem tem alguma consciência se vê forçado a aceitá-lo, porque se não o fizer, o colega vai fazê-lo.
Imperdoáveis são aqueles que mesmo sabendo o que fazem. Teimam em continuar fazendo. Dão uma roupagem filantrópica, religiosa a sua prática abominável. Aparecem como lideranças benfeitoras somente por uma razão: o adversário consegue ser pior do ele.
O conceito de Assédio Social mexe com “verdades” estabelecidas. Dar fim a ele é um processo longo que passa por uma educação de qualidade. Não só no aspecto formal, mas também no aspecto ético do nosso povo. Endeusamos de tal forma o poder econômico e o poder político que nos encontramos numa espécie de corrida sem regras para alcançá-lo.
Todos, pobres, ricos, sábios e analfabetos vemos no poder e no dinheiro a única forma de sermos felizes. O que é uma tremenda ilusão. Sem saber, com essa ânsia hipnótica pelo poder e pelo dinheiro, as classes mais desfavorecidas estão a confirmar a própria miséria. Nem todo jogador pode se tornar Ronaldo, O Fenômeno, nem todo pequeno empresário pode se tornar Bill Gates, nem todo nordestino e trabalhador pode se tornar um Luís Inácio “Lula” da Silva.
As regras do jogo pertencem a aqueles que dominam o mundo. Se o trabalhador usa e aceita as mesmas regras de quem domina o mundo, de que forma ele pode mudá-lo?

Professor Ari, O Iconoclasta. Esplanada, 07 de outubro de 2010, às 20h37min.
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