sábado, 10 de julho de 2010

AS CORES DA EDUCAÇÃO

AS CORES DA EDUCAÇÃO

É consenso no meio científico que a memória é seletiva. Ela costuma guardar tudo aquilo que tem significado e importância. E eu me lembro muito bem no dia em que minha filha, ainda na alfabetização na Escolinha Arco-Íris, trouxe uma atividade escolar para casa. Nela a professora pedia que minha filha identificasse o personagem principal da historinha, descrevesse suas principais características e captasse a mensagem moral do texto.
Fiquei feliz, porque vi que a repetição continuada daquela atividade só ia dar no que deu. Na formação de uma aluna que hoje é capaz de ler um texto, captar sua mensagem, fazer um resumo com suas próprias palavras. Resumo este enriquecido com um vocabulário próprio de dar inveja a qualquer aluno da rede pública!
É lamentável que a falência institucional da educação pública neste país, faça com que presidentes, governadores, prefeitos, deputados federais e estaduais, vereadores, funcionários públicos do judiciário e pessoas que detém algum tipo de cargo no governo municipal, e os próprios professores da rede pública municipal, dificilmente coloquem seus filhos para estudar na rede pública onde trabalham.
O escritor que vos fala professor da rede pública, sem hesitar, também faz o mesmo! Quisera eu, ter a oportunidade de dar uma aula na rede pública a minha própria filha! Oportunidade esta, que o sistema educacional criado para não dar certo, nesta existência, jamais me dará.
A escola pública a partir das intenções espúrias do Banco Mundial e do próprio governo federal brasileiro tem a única função ─ como bem disse o assessor jurídico do atual governo municipal ─ de formar analfabetos funcionais. Este termo define com precisão o perfil do aluno da escola pública. O estado desse modo forma o exército de mão-de-obra subalterna e subempregada nas funções de babás, empregadas domésticas, caixas de supermercado, ajudantes de pedreiro, comerciários, motoristas etc. Uma quantidade mínima vai irá terminar o terceiro grau.
Em sua grande maioria tem dificuldade de leitura, interpretação e muitas vezes são incapazes de elaborarem um texto inteligível e sem erros freqüentes de ortografia e gramática. São vítimas de anos de desprezo pela educação. Os governos não valorizam o professor, não lhe dão condições de trabalho e a maioria dos gestores despreparados obtém seus cargos mais por critério político do que por formação e capacidade.
Os critérios de avaliação do Banco Mundial são quantitativos, ou seja, sabe que os dados de progressão de uma série para outra não atende a mínima qualidade de aprendizagem. Os recursos dependem da quantidade de alunos matriculados. Os alunos desde cedo aprenderam que a escola os empurra de uma série para outra mesmo sem condições nenhuma de avançar para a próxima série. Realmente, dados oficiais demonstram que apenas 3% da população em idade escolar está fora da escola. Mas aí cabe a pergunta: esta universalidade tem que ser acompanhada por prejuízos profundos na aprendizagem? A resposta é simples: não! Enquanto países como o Chile investem um terço do seu PIB (Produto Interno Produto) na educação, o Brasil não chegar a investir 15%.
Entre os atos “conspirativos” para a má qualidade de ensino estão: redução da média de 6 para 5 pontos cumulativos por unidade, a existência de 2 pontos na unidade que são qualitativos, conselhos de classe que avaliam a subserviência e a disciplina do que o interesse ou aproveitamento, dificuldade de realizar tarefas pedagógicas porque não se pode tirar xérox, uso ainda de giz, livros didáticos que nunca chegam etc. O resultado é que as gerações estudantis pós-redemocratização do país não têm prazer em aprender. O desanimador não é constatar o despreparo dos alunos para as séries que se encontram. O pior é conviver com o irreversível desinteresse do aluno da rede pública em aprender, em construir o conhecimento.
Isto entre outras coisas explica porque o ensino da rede particular de ensino é melhor e neste universo o Colégio Arco-Íris se inclui. Muitas vezes, os mesmos profissionais que trabalham nas escolas particulares são mesmos da rede pública. Isto explica que o problema educação da rede pública está nas mãos do presidente, dos deputados, dos governadores e prefeitos. Está na natureza política do estado burguês. A educação pública é falida porque o estado burguês assim o quer. Na verdade a educação pública não é falida. O seu objetivo de formar analfabetos funcionais para ocupar os postos de subempregos subalternos é muito bem executado.
Os tons, as cores e as matizes de uma educação digna se encontram no Colégio Arco-Íris e em OUTROS COLÉGIOS PARTICULARES DO MUNICÍPIO DE ESPLANADA. Neles muitos profissionais da rede pública de ensino contribuem intensamente para a melhoria da qualidade de ensino desta cidade e deste país. A aprendizagem não depende só da instituição, dos gestores e dos professores que lá trabalham, depende muito também de alunos e pais de alunos que devem e podem contribuir para qualidade da educação.
Professor Ari, O Iconoclasta. Esplanada, 05 de Outubro de 2009 às 21h30min.
Leia e comente este e outros textos no blog: arioiconoclasta. blogspot.com/

4 comentários:

Roseli disse...

Li o seu artigo e achei além de muito realista, interessante.
Saiba que tudo o que vc escreveu cabe não apenas as escolas baianas mas as escolas do Brasil.

Ari, O Iconoclasta disse...

Eu lhe confesso tá difícil. As pessoas estão muito resignadas nesse país. Temos que cultivar a indignação sempre. Obrigado. Um abraço.

Anônimo disse...

Obrigado. Temos que cultivar a indignação. As pessoas estão letárgicas e resignadas por demais. Acho que tô ficando doido!Rs Um abraço.

Anônimo disse...

Roseli a resposta tá anônima porque não conseguir lhe responder de outra forma! rs Um abraço de novo.