terça-feira, 27 de julho de 2010

E QUANDO ACABA O DOIDO SOU

Na Carta aos Coríntios, escrita pelo Apóstolo Paulo de Tarso, no Capítulo 1:27, está escrito: “Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes”. Num mundo doentio, dividido e esquizofrênico como o nosso, onde a mentira é o carro-chefe das relações humanas para manter e tornar natural a desigualdade no ter, no saber e no poder, qualquer um que ouse desafiar esse esquema, é logo taxado de louco.
Taxar a alguém de louco é uma forma de desautorizá-lo em seu discurso. Porque o louco é aquele que ultrapassou a fronteira dos significados comuns, coletivos. Acontece que dissecar, apontar a inconsistência do discurso do dominador não é ser louco. É ser lúcido e politicamente correto. É isto que incomoda.
É fácil notar os paradoxos do discurso dominante, quando vemos políticos e religiosos pregarem a igualdade social, preocupação com os problemas coletivos, a ética e o amor, enquanto em suas ações escancaram sua ganância e sua falsidade.
É assim que vemos em pleno curso, um mandato tampão para orquestrar a volta do Beato-Mor. E quando acaba o louco sou eu.
É assim que acontece a blindagem ideológica pela classe média local de um falso religioso e manipulador se tornar o salvador de Esplanada. E quando acaba o louco sou eu.
O despreparo emocional e técnico daquele que detêm cargos públicos. E quando acaba o louco sou eu.
A subserviência e venalidade do legislativo, de cargos comissionados e de confiança e até de trabalhadores. E quando acaba o louco sou eu.
O caos administrativo e pedagógico na educação esplanadense. E quando acaba o louco sou eu.
O desperdício do dinheiro público tão farto em nosso município acabar financiando privilégios e esmola pro povo. E quando acaba o louco sou eu.
O “dotô” e o “beato-mor” monopolizando o cenário político há 30 anos e a gente sem orquestrar uma terceira opção de gestão. E quando acaba o louco sou eu.
A realização desse grupo de obras faraônicas religiosas, privadas e administrativas sem efetiva funcionalidade como o Cristo, o Centro Administrativo, o galpão de 6.000 m² na entrada do Conde, o matadouro municipal, o centro de abastecimento e outros, servirem de lastro político e contábil para um governante que só soube dar muito mal feiras semanais, não gerar um único emprego privado e concentrar renda e privilégios entre os mais ricos de esplanada. E quando acaba o louco sou eu.
A convivência com a falta de imaginação política do povo esplanadense, sua subserviência a esses ridículos tiranos e o maniqueísmo ideológico que eles criaram como algo natural. E quando acaba o louco sou eu.
É assim que se torna normal a convivência com o povo pedindo esmola num quadro do programa de rádio financiado pela prefeitura, achar que faz todo o sentido sua existência. E quando acaba o louco sou eu.
Se dissermos que acreditamos na honestidade e na aplicação coletiva das ações do estado, risos mordazes e cínicos, tornam louca e ridícula a sua fé. E quando acaba o louco sou eu.
Portanto, é dessa forma que vivemos nessa loucura institucionalizada. Realmente, o mundo da matéria se contrapõe ao mundo do espírito. Acreditar que somos só carne, é que nos torna tão miseráveis e incompetentes para criarmos um mundo melhor. Temos tecnologia, temos produção farta de mercadorias e alimentos. O problema é que somos como reza a seguinte lenda: Um homem rico procurou Chico Xavier, dizendo que tinha saúde e que tinha tudo que o mundo material podia oferecer, mas era infeliz. Ao que Chico Xavier secamente respondeu: ajude o próximo.
Professor Ari, O Iconoclasta. Esplanada, 08 de julho de 2010, às 22horas e 05min.

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