quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

SEJA FEITA A TUA A VONTADE ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU

No mês passado segundo o calendário gregoriano, faz cerca de 2009 anos que Jesus nos ensinou dirigir-se a Deus. No começo do Pai-nosso nos ensina a santificá-lo e em seguida nos faz clamar para que venha a nós o seu reino.
Usou a terminologia política: “REINO DE DEUS” para se referir ao amor e a paz entre os homens. Tomou emprestada a concepção de reino corrente na época. A força dessa idéia se explica pelo fato de Israel ser, neste período, uma nação dominada pelo Império Romano. Era um estratagema, um meio de chamar atenção para o que falava. Como sempre até hoje nunca foi compreendido. Os judeus clamavam por um líder político que os libertasse do jugo romano e não o messias, um carpinteiro qualquer que pregasse o amor.
Ora, como crer no amor se é pelo chicote, pelo poder militar, pela violência que Roma nos subjuga? Melhor Barrabás, que não respeita a vida e desafia com o roubo a propriedade privada. Como crer no amor se alguns poucos detêm os privilégios, desrespeitam o próximo e não são punidos? Assim, os corações incrédulos de ontem e de hoje duvidam do amor e buscam a riqueza e o domínio político, econômico e mental sobre o próximo.
É claro que a propriedade, a riqueza e o poder político se impõem a através da violência institucionalizada. Mas cabe a pergunta: Se usarmos a violência para superarmos as injustiças, não estamos nós incorrendo no mesmo erro? Jesus sabia disso! Por isso, nunca foi um reformador social. Sua busca era a alma humana.
Esperamos por sinais externos do bem para poder acreditarmos nele. Se não, como se justificaria a necessidade dos milagres. Nossos incrédulos olhos voltados para o mundo externo necessitavam de provas visíveis: os milagres!
Somos todos “São Tomés” e duvidamos do amor. Senão, como explicar tanto desenvolvimento tecnológico e material, diante de tão pouca evolução do amor? Por que volta e meia precisamos de mártires para lembrar do quanto a matéria é fútil e quanto o amor é necessário?
Depois de lembrar de santificar Deus e clamar pelo seu reino, Jesus no Pai-nosso nos dar a fórmula para que isto aconteça: “SEJA FEITA TUA VONTADE ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU”. Ou seja, seja feita, não a MINHA ou a SUA vontade, mas a VONTADE de DEUS. Assim, a única forma de vivermos em paz é renunciarmos a este pequeno “eu” que nos impõe a lógica da acumulação sem ética, sem respeito ao próximo e ao meio em que vivemos.
O momento mais angustiante e doloroso da existência de Jesus foi durante a crucificação. Em que sua fé no homem foi questionada por sua morte injusta. Morrendo precocemente por aqueles que amou e curou. Mesmo sabendo da necessidade do sacrifício vacilou e disse: “Afasta de mim este cálice!”. Mas logo depois, se arrependendo deste apelo egoísta (em relação a sua sina de messias), disse a frase que o transformou de um simples mortal, num ser divino: “SEJA FEITA A TUA VONTADE!”. Diz o relato que “depois de grande grito Jesus expirou...” Quantas vezes em nosso dia-a-dia, diante de pequenas frustrações ou de pequenas graças, dizemos esta frase?
Temos feito a vontade de Deus quando ao longo desses séculos e até hoje, quando assassinamos, enganamos e exploramos o próximo para adquirirmos e/ou preservarmos o poder econômico e político?
Muitos atribuem ao anjo caído à origem deste mal. A responsabilidade da relação entre os homens ser como é. Tentam aliviar nossas consciências, retirando dos nossos ombros a responsabilidade sobre este estado de coisas e atribuem à influência deste ser do mal. Mentira! A responsabilidade é nossa! De cada um. É claro que os que detêm poder, têm mais responsabilidade. Mas todos têm sua parcela de culpa. Do mendigo ao presidente. Todos formam a corrente que leva aos atos que agridem ao próximo e a natureza
Logo depois, durante o Pai-nosso, Jesus nos levar a pedir “o pão nosso de cada dia”. Veja que Jesus nos ensina a nos conformar com o básico: o pão. Entende-se como pão o comer, o vestir-se, o morar e o trabalhar com dignidade.
Mas pergunta-se qual o limite da ambição humana? É como o limite do universo, não tem fim. A fome abismal do ter mais, simplesmente nos cega para ver o óbvio: enquanto não pararmos a roda da ambição e da intolerância não viveremos em paz em qualquer lugar deste mundo. Em cidades pequenas ou grandes, nos campos ou nos centros urbanos. Não importa o lugar fora do homem, pois a raiz do problema está em seu coração.
No coração que tornou o Pai-nosso uma oração formal, falada e cantada nos púlpitos de todas as casas, de todas as igrejas, de todas as religiões, oficiais ou não, que apenas diminui a culpa daqueles que se esqueceram de se render em seus corações ao que o Mestre propôs: SEJA FEITA A TUA VONTADE.
ARI, UM CIDADÃO ESPLANADENSE. 12 DE DEZEMBRO DE 2008

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