quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O MARKETING DA FOME



Na Antiga Roma, os imperadores usavam a política do pão e do circo, a chamada “pannis et circenses”. Esta política tinha a função de diminuir a tensão social provocada pela massa desempregada e sem perspectiva que habitava a cidade. “Presenteava” pão e diversão na arena com lutas sangrentas entre escravos gladiadores até a morte, para o deleite perverso da elite e dos párias que freqüentavam o Coliseu.
Com o advento do cristianismo, os próprios cristãos eram lançados às feras nos estádios romanos. Hoje os cristãos flertam com os imperadores modernos. Deixaram de ser jogados as feras e se transformaram em amigos íntimos do poder. OS CRISTÃOS SAÍRAM DA ARENA E FORAM PARA A ARQUIBANCADA!.
Os tempos passaram e modernamente “inventamos” uma “nova” maneira de fazer a política do pão e do circo. Em nossa cidade uma prática perversa tem sido praticada. Durante um programa de rádio financiado pela prefeitura, as pessoas carentes se dirigem a tal programa e pedem o que precisam e usando os microfones pedem cestas básicas, material de construção, carrinhos-de-mão, etc. Até aí tudo bem. Mas porque não fazer isto de forma anônima? Por que o programa não divulga diariamente seus patrocinadores, da prefeitura, empresas e ao mais humilde cidadão, e quando algo for dado, ninguém saber quem deu? O quadro de orientação filantrópica teria patrocinadores anunciados, mas não qual deles deu aquele bem, serviço ou favor. Em vez disto, o dito filantropo é anunciado como bom samaritano e tem seu nome e o do seu negócio divulgado.
Como se pode chamar de filantropia o gesto de doar que serve de propaganda de lojas, prestadores de serviços, vereadores e até o próprio prefeito? Frequentemente o prefeito tem dado cestas básicas na condição apenas de cidadão! Fazia o mesmo quando era o fabricante de móveis? Deixava de ser empresário e ia pra rádio doar uma cesta básica, apenas na condição de cidadão? Por que o faz agora?
Como cidadão eleito para dirigir o estado municipal é capaz de colocar de lado o diploma de prefeito e doar uma cesta básica num programa de rádio, dizendo o que o faz na condição de Cidadão comum? Como separar estas duas condições? O ser humano é um ser total! Não pode se dividir como se fosse dois ou mais!! Atitude típica de um governo tampão e sem compromisso com as reais necessidades do povo.
Com este gesto não está ele dizendo ser incapaz de desenvolver uma política emergencial para aplacar a fome dos “pequeninos”, como ele mesmo chama os filhos dos pobres de Esplanada? Vejam a ironia! “pequeninos”, era a forma de Jesus se dirigir às crianças.
Porque o faz, justamente quando foi colocado numa função pública para resolver este problema. A promessa de acabar com a miséria só interessa para o político, no período eleitoral. Durante a campanha é capaz de dizer que resolverá o problema em pouco tempo. Depois, legitimado no poder através do voto conquistado com promessas mentirosas, a fome vira um problema estrutural e difícil de resolver. Atesta seus limites e divulga a miséria que foi eleito para minimizar e tenta dividir o problema social com empresários, cidadãos e outros políticos. É isto que ele insinua, quando se despe da condição de prefeito e anuncia aos quatro ventos num programa de rádio que está dando uma cesta básica na condição apenas de simples cidadão. É uma espécie de culpa social: ”Eu lhes dou privilégios – elite de esplanada – com os recursos que seriam para o povo. Portanto, dividam comigo este encargo!” Amém!!
Uma prefeitura para ser governada de maneira sábia terá que ser enxuta do excesso de privilégios de terminadas famílias que têm concursados, cargos de confiança, cargos comissionados, carros alugados, bolsas universitárias etc. formam verdadeiras oligarquias familiares dentro do poder publico. São como polvo que com seus muitos tentáculos se apropria da sua presa. Assim é que fazem com a prefeitura, com estado e com a esfera federal.
Como chamar de “GOVERNO DO POVO”, “POVO NO PODER”, o governo de um grupo que teima em concentrar renda cada vez mais para os setores médios e para a elite da cidade? O slogan o “O POVO NO PODER” já nasceu mentiroso. Na verdade é o governo dos privilegiados.!!
Não é cruel que a fome e a miséria sejam usadas como marketing dos governantes e da iniciativa privada? O cristianismo não prega que não devemos propagar nossas benfeitorias? Que elas só têm valor e amor se forem feitas no anonimato? O que sua mão direta fez, que a sua esquerda não saiba.
A preocupação com a fome do atual governo se resume ao café da manhã nas escolas com biscoito e suco, com 5.000 quilos de corvina na semana santa e o prefeito aparecer na rádio na condição de cidadão e doar cestas básicas? No circo, leia-se festa do São João, se gasta muito mais que na fome!
Quando qualquer favor ou bem quanto é feito a um indivíduo e não a um grupo, e o benfeitor tem seu nome propagado, a isto se dá-se o nome de POLITICAGEM e não de FILANTROPIA!
PROFESSOR ARI, O ICONOCLASTA(comentários para o Email e Orkut: arivaldodesouzadantas101@gmail.com)

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