quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O CINISMO DO ÓBVIO

O CINISMO DO ÓBVIO
Todos nós sabemos que ora exploramos ou ora somos explorados. Todos nós sabemos que o estado e a religião estão a serviço da dominação e da exploração das pessoas. Independente de onde moramos, no campo ou na cidade, independente do grau de instrução ou inteligência sabemos que existe a mentiras cotidianas e oficiais de governantes e religiosos institucionalizados. Ainda que numa percepção instintiva, não racional e inconsciente sabemos que estamos todos inseridos num consenso coletivo equivocado que se perpetua desde que estabelecemos a apropriação desigual da riqueza, por conseguinte, da propriedade, do poder e do conhecimento.
Mas teimamos conveniente em reproduzir este mundo como ele é. Elaboramos uma espécie de amortecedor interno que nos torna hipócritas, e assim, freqüentamos as igrejas que se esmeram em pregações emotivas, escapistas e jamais atacam o cerne das questões existenciais e sociais do homem. Teimamos em reproduzir ritos eleitorais baseados no poder do dinheiro para se ter obter vitórias. Ficamos confiando apenas no bom comportamento em sala de aula como critério de aprovação nos finais de ano e nos conselhos de classe da vida. Instituições regidas por nós dizem falsamente se preocuparem com a justiça, com a educação e com a saúde.
Basta uma simples pergunta para cair por terra várias mentiras oficiais e cotidianas que a sociedade reproduz. Vejamos um exemplo, se houvesse uma preocupação legítima com a educação, como explicar que uma economia ranqueada entre as dez maiores do mundo, ainda possui um estado como o da Bahia, colocado entre as cinco maiores economias do país que ainda tem 39% de analfabetos em sua população?
Se fizermos este tipo de pergunta para qualquer das mentiras ideológicas que os governantes falsamente defendem, seus edifícios ideológicos desmoronariam como castelos de areia ao simples soprar do vento.
Mas existem visões de mundo que muito comuns entre classe a excluída que são igualmente maléficas ao homem. À indignação causada pelo enriquecimento fácil de pessoas sem talento e sem formação, a não ser a ambição pela riqueza fácil, nós respondemos: “SÓ ESTOU ESPERANDO A MINHA VEZ!”. Diante de um governante oligarca, autoritário e patrimonialista como ACM, diante também de outros que descaradamente se apropriavam do que é público, “inventamos” a síntese ideológica cínica e indigerível do “ROUBA, MAS FAZ”! Desta forma, estamos aceitando como certo o roubo dos nossos impostos e passamos a admirar que o rouba. É como déssemos boas-vindas ao salteador das nossas casas e abríssemos nossas portas. Portanto, não se pode dizer VIVA O POVO BRASILEIRO, e sim melancolicamente dizer TRISTE POVO BRASILEIRO......
Quando qualquer um começa a aparecer no cenário político, quando um cidadão expõe sua indignação legítima e desinteressada, logo dizemos que: “TÁ RECLAMANDO PORQUE NÃO ESTÁ COMENDO!”, ou então: “ESTÁ COM INVEJA!”, ou seja, projetamos no outro nossa própria incapacidade de sermos genuinamente indignados. Temos uma percepção leviana e cínica ao lidar com a coisa pública. Aprendemos assim, porque nascemos como colônia de exploração de Portugal. Nasceu sob signo da exploração. Nascemos como nação para sermos depredados. Quando nos tornamos “independentes” repetimos a mesma abordagem predatória do nosso país.
Muitas vezes, reclamamos da desonestidade dos políticos, mas quando estamos na fila de qualquer instituição pública não hesitamos de tomar cinicamente o lugar do nosso próximo.
Aqueles que detêm o poder aprendem a reproduzi-lo e usa o arsenal que têm para fazê-lo. Paradoxalmente, os excluídos também fazem o mesmo quando no interesse da sobrevivência imediata, não conseguem estabelecer sonhos, utopias. Assim, aprendem a mecânica do poder, são aliciados pelo estado e pela religião, se tornam ricos, burgueses, e passam a fazer o mesmo que antes seu dominador fazia e se torna um aliado de classe. Eles se opõem enquanto forças eleitorais, enquanto empresários, etc. que buscam o poder e o lucro, entretanto são aliados na manutenção da ordem que explora o povo.
Se quisermos, portanto um mundo mais justo inevitavelmente terá que superar tantos os ricos como os pobres, esta a busca hipnótica e imediata por nossos interesses. Os poderosos na busca constante da reprodução da sua riqueza e poder, e os pobres da busca imediata pela sobrevivência. A modernidade de Jesus está em propor justamente isto! Paremos com os projetos revolucionários de mudanças sociais, paremos com este assistencialismo perverso e imoral, Partamos para a mudança, para a conversão, deixemos de lado a matéria e nos entreguemos à fraternidade e a cooperação do espírito!
Professor Ari, O Iconoclasta (Enviar comentários para o Email e Orkut: arivaldodesouzadantas101@gmail.com)

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