Eu confesso. Votei em Lula 7 (sete) vezes. Não me arrependi. Mas esperava mais. Muito mais. Esperava por exemplo que a política de controle da inflação não se baseasse apenas, no controle do consumo através da taxa de juros. Que não se mantivesse a natureza concentradora de renda do Plano Real. Esperava também que a política de transferência de renda não se baseasse apenas na eleitoreira Bolsa Família. Ah! Também esperava ver a ética e a moral serem mais respeitadas.
Onde estão as grandes reformas? Por exemplo, a Reforma Tributária, a Reforma Política e da Previdência? Nenhuma delas foi feita. A educação, por exemplo, não teve avanços significativos. Enquanto o Chile investe cerca de 15% do PIB, o Brasil não chega nem a 5%. Fez tantas concessões políticas, ideológicas e programáticas para ter maioria no Congresso Nacional e não transformou isso num trunfo para fazer as reformas necessárias, condizentes com um governo dito popular.
O que deu um tempero ideológico nas últimas eleições ─ desculpe a expressão “tempero” ela não tem nenhuma conotação machista ─ foi Marina. Desatrelada dos grandes interesses econômicos, mesmo assim teve 20 milhões de votos. Na próxima votarei nela de novo.
Diante da falta de imaginação de Serra, prometendo “mundos e fundos” para se eleger e de Lula que anda igual a bebê chorão porque no íntimo sabe que poderia fazer mais e não o fez. Do PSDB de Serra que foi competente para criar o Real. Plano que deu estabilidade a economia brasileira, há anos esperada por nós. Porém, foi incompetente para potencializar suas “virtudes”. Foi o que o PT fez. Alguém em sã consciência ao trocar os projetos políticos que vão disputar a presidência um pelo outro, ainda vai querer troco? São faces da mesma moeda. É bom não esquecer que no segundo turno as campanhas estão mais preocupadas em expor roupas sujas de ambas às candidaturas, do que falar com profundidade das propostas de governo.
Então só nos resta uma opção. Ceder ao argumento do voto de gênero e colocar uma mulher no poder. Pela primeira vez ao votar num presidente, não vou votar num projeto de governo. Meu voto vai ser no gênero feminino. Virei um feminista de plantão.
O que o mundo patriarcal e masculino nos deu? A exacerbação de um sistema econômico cruel que gerou os genocídios de civilizações tanto na América do Sul como na África. Deu-nos também duas bombas atômicas e duas guerras mundiais. Ah! Embora alguns céticos duvidem conquistamos a Lua! Eu pergunto: pra que mesmo, hem?
A mulher é minoria injustiçada. Depois de milhares de anos de subserviência e apedrejamentos, anda ocupando postos de trabalho e todas as funções antes de domínio masculino, elas estão desempenhando com igual, ou melhor, eficiência.
Cerca de 10 mulheres morrem por dia no Brasil, assassinadas. A mulher com que com sua beleza e graça é explorada nas revistas masculinas. A Mulher que é banalizada nos bailes funks da vida. A Mulher que é colocada em trajes íntimos até em roda dentária de bicicleta e gera bilhões de renda pra economia capitalista. Na Internet então o que não falta é a exploração vulgar da sensualidade feminina.
Talvez com uma mulher detentora do cargo mais alto da nação, os machistas de plantão de todas as classes sociais aprendam mais a respeitá-las. E vejam assim do que a mulher é capaz. Tão capaz que na maioria dos lares ela é o chefe de família.
Professor Ari, O Iconoclasta. Esplanada, 21 de outubro de 2010, às 19h42minmin.
Visite o blog arioiconoclasta.blogspot.com/ e opine sobre esse e outros textos.
5 comentários:
concordo comvc sobre os dois candidatos serem farinha do mesmo saco, porem, há alguns pontos q diferenciam a campanha dos dois, e eles são: a questão do aborto e pautas religiosas, Dilma deixou bem claro ser a favor do aborto, o q me deixou extremamente irritado, como pode um candidato a presidencia ser a favor de assassinato, e se manter tao contrária quanto a questao religiosa, gostaria sim de ver uma mulher a frente desse pais machista, mas com certeza essa "estranha" da politica eu não gostaria de ver me representando. Lamentavel as atitudes dessa mulher.
Oi, Ari,
Li os três textos, como sempre você tem bons argumentos para defender suas ideias. No entanto não concordo co o seu texto que fala sobre Marina, pois não concordo que devemos defender uma mulher para a presidência por ser simplesmente mulher. Marina não é santa, pois ela foi omissa durante o governo Lula no que se refere a projetos do governo que não tinham nenhuma preocupação com o meio ambiente. Outra cousa ela não está desvinculada do capital empresarial, o vice dela é o dono da natura , o qual está sofrendo um processo na justiça por utilizar elementos naturais da reserva indígena sem nenhum lucro para os mesmos. Dilma e Marina são mulheres mas com projetos bem machistas e bem voltado para arrasar os trabalhadores. quantos as reformas, não serão boas para o trabalhador ou para a maioria dos trabalhadores. Portanto não aceito o voto em Dilma. Eu, particularmente voto nulo. É a minha opinião. Não basta ser mulher. É preciso ser uma mulher comprometida com a causa trabalhadora e da maioria da população! XÊro!! Tô com pressa!!!
Acho que a questão do aborto deve ser bem definida. Não se pode fazer um aborto por qualquer razão. A lei já prevê as condições em que ele deve ser feito.
Ela foi colocada em pauta, não com a intenção de se aprofundar no assunto, mas como forma de um candidato desgastar o outro.
Com os métodos contraceptivos que existem hoje, só faz aborto de forma irresponsável que não tem cuidado nem consigo e nem com o próximo.
Mesmo que ele seja não uma vida propriamente, mas apenas uma potência de vida.
Arleide, quando fiz esse texto estava tomado por um feminismo repetino. Concordo com você que só um fato de alguém ser homem ou mulher não acaba com estruturas patriarcais, antidemocráticas que machistas que contaminam as relações dentro e fora do estado.
Mas que no íntimo as mulheres vão se sentir orgulhosas de terem uma mulher presidente! Ah! Isso vão.
Não vejo diferenças profundas entre os projetos de poder e governo do PSDB e do PT. Principalmente depois que o PT junto com Lula passaram 8 anos no poder. Assim, decidi. Vou votar no gênero feminino.
Acho que ícones como o presidente negro dos EUA, o presidente operário Lula e finalmente uma mulher presidenta, não fazem mal nem ao povo e nem as carcomidas estraturas capitalistas. Pelo menos, no sentido político e ideológico.
Minha amiga Arleide, desculpe-me. Mas cê sabe, uma única lauda escrita em fonte 14 não dá pra colocar todas a nunances de um tema.
O importante é que passei a mensagem feminista e pronto! Quer você concorde ou não. Um abraço da tamanho da sua graça.
Comente mais vêzes os textos. Valeu.
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