quinta-feira, 7 de outubro de 2010

ASSÉDIO SOCIAL, UM TRIUNFO DO CAPITALISMO

Segundo o Dicionário Larousse, assediar significa: “sitiar, cercar. Importunar com pedidos ou perguntas”. Portanto, assédio enquanto fenômeno humano pode ser caracterizado em razão das múltiplas relações que estabelecemos: familiares, amorosas, sociais, profissionais etc..
Pregando a possibilidade de ascensão social (freqüentemente por meios ilícitos. Vide alguns novos ricos) e a igualdade (somente formal) entre os homens, o capitalismo tornou natural a existência da desigualdade econômica e social. O estado que teria a função de amenizar as desigualdades, na verdade, está a serviço da continuação delas.
Mesmo assim, temos evoluído. Não temos mais uma ditadura política e nos últimos tempos no meio jurídico da nossa jovem e estabelecida democracia burguesa, houve a definição e aplicação legal dos conceitos de Assédio Moral e Assédio Sexual.
Os dois tipos de assédio mencionados têm uma fonte comum. O agressor detém algum tipo de poder. Ora é econômico, ora gerencial, ora social. Determinados tipos de pessoas usam sua condição privilegiada para forçar a vítima a atender seus desejos. Ou seja, o domínio psicológico ou sexual da vítima.
Mas nossa sociedade pautada na desigualdade no ter, no saber e no poder, nos impõe outro tipo de assédio que chamo de Assédio Social. É o mais perigoso por que é a razão e a raiz de todos os outros. E o pior! É aceito como natural porque se constitui na natureza do sistema capitalista.
Quando milhões de eleitores de baixa renda, ignorantes ideologicamente e analfabetos seduzidos com a bolsa família se tornam uma mina de votos, que outro nome se pode dar a isso?
Quando no país afora cabos eleitorais de ocasião ganham para fazer listas de nomes e de números de títulos eleitorais e entregar o santinho do candidato com “30 real” dentro. Isso é ou não é Assédio Social?
Quando trabalhadores da Prefeitura Municipal de Esplanada recebem trinta por cento do que ganham para exercer o tal do “desdobramento”, também não é Assédio Social?
Poderia listar várias situações em que quem detém poder econômico o usa para levar as classes subalternas a atenderem seus desejos e interesses. Por outro lado, não se pode fazer um julgamento moral de quem se submete ao Assédio Social. A necessidade de sobrevivência, a ignorância ideológica e a falta de noção de classe, servem de álibis da nossa submissão. Até porque quem tem alguma consciência se vê forçado a aceitá-lo, porque se não o fizer, o colega vai fazê-lo.
Imperdoáveis são aqueles que mesmo sabendo o que fazem. Teimam em continuar fazendo. Dão uma roupagem filantrópica, religiosa a sua prática abominável. Aparecem como lideranças benfeitoras somente por uma razão: o adversário consegue ser pior do ele.
O conceito de Assédio Social mexe com “verdades” estabelecidas. Dar fim a ele é um processo longo que passa por uma educação de qualidade. Não só no aspecto formal, mas também no aspecto ético do nosso povo. Endeusamos de tal forma o poder econômico e o poder político que nos encontramos numa espécie de corrida sem regras para alcançá-lo.
Todos, pobres, ricos, sábios e analfabetos vemos no poder e no dinheiro a única forma de sermos felizes. O que é uma tremenda ilusão. Sem saber, com essa ânsia hipnótica pelo poder e pelo dinheiro, as classes mais desfavorecidas estão a confirmar a própria miséria. Nem todo jogador pode se tornar Ronaldo, O Fenômeno, nem todo pequeno empresário pode se tornar Bill Gates, nem todo nordestino e trabalhador pode se tornar um Luís Inácio “Lula” da Silva.
As regras do jogo pertencem a aqueles que dominam o mundo. Se o trabalhador usa e aceita as mesmas regras de quem domina o mundo, de que forma ele pode mudá-lo?

Professor Ari, O Iconoclasta. Esplanada, 07 de outubro de 2010, às 20h37min.
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