quinta-feira, 18 de agosto de 2011

SOBRE ELEFANTES BRANCOS

O objetivo do chamado Centro Administrativo de Esplanada nunca foi ser um lugar operacional para plena execução das funções administrativas da prefeitura. A intenção sempre foi impressionar. Principalmente aos incautos que por ignorância cidadã não valorizam as ações sociais de um governo. Preferem ficar reféns do olhar e do toque nas obras de alvenaria.
Gigantismo e falta de operacionalidade é a tônica na maioria das obras desse grupo político. Quando não são terminadas elas pecam por não atender as funções para as quais foram construídas. Vejam o caso do Matadouro Municipal, do Centro de Abastecimento e do galpão de 6 mil metros quadrados, do dito Distrito Industrial no entroncamento do Conde.
A construção da Prefeitura Nova não tem o pragmatismo de quem quer governar uma cidade com os princípios da eficiência, da economia e da transparência. Tanto é verdade que além de ocupar também a prefeitura velha, o enorme e desnecessário corpo administrativo da prefeitura, está espalhado em casas alugadas Esplanada a fora.
Na recepção o espaço para o trânsito de visitantes se impõe a qualquer outra função do prédio. É como se fosse um museu de pequenas novidades. A lista dos nomes dos construtores da obra, logo ao lado da escada que lembra a do casarão do filme E o Vento Levou, é mais um devaneio demagógico em relação aos operários da construção civil desse grupo político que se tem caracterizado pela concentração de renda nas mãos de uma minoria.
As copas das casas menores são ridículas. Mal cabem o fogão, a geladeira, a pia e uma pessoa. Principalmente se a porta ficar aberta. Se já existia uma copa grande no prédio central, para quê essa copa já que a distância entre os prédios é pequena.
Se a intenção do predomínio total da cor branca nos três prédios foi fazer alusão à pureza, ela foi totalmente frustrada. É só ouvir as falas do vereador Rodrigo de Dedé, na Câmara nas segundas-feiras e veremos os tons pastéis para não dizer negros, que regem as ações politico-administrativas desse grupo político.
O desperdício do espaço externo é notório. Lembram os jardins dos palacetes de reis do Antigo Regime. Na parte externa as colunas gregas do período coríntio têm a função maior de enfeitar do que sustentar a construção.
As mulheres posicionadas na frente de quem adentra o prédio, também tem inspiração grega. Lembram a Deusa Afrodite, deusa do amor e da beleza. Possivelmente simbolizando o prazer dos sentidos que o carnaval, especialmente o de Salvador promove nos camarotes vips da vida. E talvez façam referência a mudança no gosto estético que qualquer novo rico obrigatoriamente desenvolve ao entrar diretamente em contato com o universo burguês. Talvez fruto também da viagem a Roma para ver o Papa. Privilégio que nenhum dos apadrinhados e nem os pobres fiéis da Missa dos Homens e principalmente os da Legião de Maria jamais irão ter. Vão ter que se conformar com a imponência provinciana do Cristo esplanadense e ver o Papa pela mídia ou através de fotos mesmo. Mas esses fiéis estão felizes. Um deles conseguiu entender e usar os signos da religião e do poder em proveito próprio.
Essas mulheres suscitam a discussão sobre gênero em Esplanada. Reparem que elas estão ao mesmo tempo estão sustentando um pequeno pátio e também recepcionando quem chega na Prefeitura. Quem “brilha” sobre essas funções aparentemente humildes mas verdadeiramente subalternas? Respondam a essa perguntas as professoras que tiveram aumento de 30% sem greve e sem nada e a maioria das secretarias administrativas desse grupo. Boa pergunta também para Aurelina Motta atual presidenta da Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais de Esplanada.

Talvez a existência de um prédio central se impondo sobre os três menores possa significar o personalismo do seu construtor sobre os poderes constituídos: o executivo, o legislativo e o judiciário. Personalismo que remonta a forte influência do carlismo no pensamento politico desse grupo. É só observar que administrativamente, aqui mais parece guardadas as devidas proporções, uma Mini-Bahia com as obras do Centro Administrativo (leia-se Prefeitura Nova), do Distrito Industrial (leia-se galpão gigante) e o eternamente inacabado Centro de Abastecimento, todos fazendo forçada referência aos ícones econômico-administrativos carlistas que seriam o CAB e o Centro Industrial de Camaçari, além do Centro de Abastecimento soteropolitano.
Há outros simbolismos nesse Centro Administrativo provinciano. Como todo castelo de cartas é sensível a qualquer sopro de racionalidade. E cai. O teto lateral que mais parece um pátio e insinua solidez, é feito de telha de amianto. Além dos já propagados problemas estruturais, de saneamento e iluminação. Como a maioria das obras públicas que são feitas nesse país custam muito caro e a qualidade da construção é duvidosa. E esse ícone do poder político desse grupo não consegue infelizmente fugir a essa triste regra.
Ari, O Iconoclasta. Esplanada,18 de agosto de 2011, às 19h30min.
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