quinta-feira, 19 de setembro de 2013

SOMOS O QUE PODEMOS SER




Minha cor denuncia
minhas gengivas arroxeadas confirmam
somos todos negros e índios
Meus cabelos negros
minha tez morena
nossa aversão aos espaços urbanóides
atestam nossas origens
somos amantes dos espaços abertos e selvagens
a caça, a pesca e a coleta
enchem nosso cotidiano do lúdico
que nos alimenta e que reforça nosso senso do tempo presente
Mas nossas mentes estão cheias
da cultura da mãe Europa
a filosofia grega é que nos guia
a cultura judaica religiosa
é nossa terceira visão
hoje nos dirigimos ao Deus Desconhecido
tupã já não nos causa deferência e nem medo
quem não tem uma lenda
de uma avó, de um ancestral
feminino
que foi pega no mato
como um boi fujão
somos brancos na visão de mundo
mas biologicamente negros e índios
disfarçados de tantas formas
que já não formamos nenhuma etnia
somos algo novo, indefinido
nos achamos negros
quando temos pele branca
e quando negros
perguntados qual nossa cor
nós dizemos: somos pardos
A mãe Europa
nos deu nosso invólucro mental
afastamo-nos das nossas origens
vemos as causas dos negros e índios
num ponto equidistante entre
entre nós
e nosso edifício étnico
alisamos cabelos
dizemos cabelo bom
cabelo ruim
como se isso realmente existisse
na natureza nada é bem ou mal
Trouxeram um paraíso artificial
e dentro dele perdemos nossa inocência
viramos coisas
nas mãos do invasor
e no escambo cultural
que nos foi imposto
eles levaram vantagem
foi uma troca desigual
E hoje estamos aqui
buscando significados
pra afirmar nosso valores
Ari, O Iconoclasta,Esplanada, 19 de setembro de 2013, às 6:00hs10min.


Nenhum comentário: