sábado, 14 de setembro de 2013

A Metáfora do Gato e do Rato



Certa feita
tava eu passando pela rua J. J. Seabra,
quando flagrei desavisadamente a inauguração da 
Biblioteca Jorge Luis Macedo Esplanada.
Na oportunidade ouvi o prefeito da época Diolando Batista se dando ao luxo de filosofar.
Agora na condição de emergente fabricado artificialmente, desculpe a redundância, nos bastidores dos poderes beatíficos e políticos, dizendo em tom de troça que a relação entre prefeitura e a vereança, era uma relação de gato e rato.
Mas o nosso inconsciente não pára de trabalhar.
Elle faz leituras o tempo do todo do ambiente, da conjuntura.
Muitas vezes não elaboramos, 
não trazemos para a superfície,
mas ele vai estar sempre lá, interpretando.
Então foi que caiu a ficha!
Vi que o jogo de gato e rato não é entre a prefeitura e a vereança,
o jogo de gato e rato acontece realmente entre
o governo e o povo.
Nessa metáfora
adivinhem quem é o rato e quem é o gato?
Tal metáfora é tão carregada de significados
que se poderia escrever um tratado de mil páginas!
Não pelo escritor que vos escreve essas singelas palavras, claro.
Vamos explorar algumas?
Vamos explorar o aspecto social dessa relação entre gato e rato.
Onde vive o gato? Quase sempre numa casa. 
Com infraestrutura. Luz, televisão, sofá, fogão e comida!
Onde vive o rato?...
Vive nas ruas. Muitas vezes sem água potável, corrente e farta.
O rato tem vergonha de si. Se esconde, se esgueira e vive das sobras do gato que depois de farto, dorme tranquilo.
Podemos explorar a programação neurolinguística, ideológica dessa relação.
Traduzindo, como definimos e a que associamos o gato e rato?
Eu respondo. O gato é independente. Já foi endeusado pelos egpícios. O gato é limpo. Um animal nobre.
Já o rato, coitado. Execrado por todos. Associados a sujeira, a doenças. Tem fama de ladrão e tudo mais.
Existem infinitos ângulos e pontos de vista a serem explorados
nessa alegoria que afirma que o governo é gato e o povo é rato.
Na natureza o gato é o predador e o rato é a presa.
Como a natureza é sábia!
Em vez de fazer a apologia do eu. O indivíduo como centro de tudo. Aquele herói cheio de amor e dedicação que deve vence todas as dificuldades,
poderíamos usar tal sabedoria consciente contida nesta metáfora que desnuda a relação histórica de exploração entre governo e povo como o principal mote das dinâmicas e das oficinas na escolas. 
Poderia ser explorada nos encontros, nas salas de aula e nas dinâmicas da educação pelo Brasil afora.
Mas isso é uma utopia.
É melhor fazer a apologia do eu. 
O indivíduo pode tudo. 
O herói anônimo que salva a educação.
Ou então aqueles que veem nos salvar
ora montado num cavalo apocalíptico erguendo imagens vãs e guiado pelos desígnios de Deus
ou então aquele que vem nos salvar orientado pela racionalidade cidadã, 
inspirado nos míticos apanágios burgueses da Igualdade, Fraternidade e Liberdade.
Mas ambas, as roupagens, são apenas ratoeiras implacáveis 
para o povo ávido de tudo,
inconscientemente entrar
e docilmente oferecer seus pescoço ao carrasco salvador
de existência tão difícil.
Gostaria de saber
quando o povo de Esplanada 
vai passar ao largo dessas ratoeiras.
Ari, O Iconoclasta

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