terça-feira, 6 de novembro de 2012

CHUVA NAS MALVINAS



Não se pode chover
no meu local de trabalho
Alunos e professores

...quase todos acham normal
o lamaçal defronte a escola
as pingueiras aumentam
a cada chuva
Conseguimos lidar
com relativa tranquilidade
com a tampa da fossa
na iminência
de se abrir e engolir uma criança
como um monstro de contos de fada noturno
O forro da secretaria
vez em quando cai ruidosamente
sobre nossas cabeças
Nada que mais absorvível
do que um susto momentâneo no local de trabalho.
A tampa do tanque
rente ao chão
apesar de ferro e pesada
não tem tranca
um convite as crianças
que podem se afundar e jamais voltarem
de um devaneio curioso
É também convite pra sabotagens irresponsáveis
de alunos ou qualquer adulto mal intencionado
As salas numa penumbra permanente
são um convite a subserviência
ao analfabetismo político
lembrado pelo genial Brecht
e a aceitação da passividade profissional e ideológica
Os alunos aprendem rapidamente essa lição.
Mas tudo isso é amenizado
afinal, a escola tem nome de Santa
Nossa Senhora Aparecida
Uma intrusa no espaço que deveria
da luz do conhecimento
e não da irracionalidade da fé conformista
defendida
por um candidato consegue fazer a mistura
bizarra, estranha e hipócrita
do politico, do beato e do cidadão de bem.
Eu aqui
na minha perplexidade criativa
contínuo bradando de forma autoterapêutica
pra ouvintes desinteressados
afinal,
desde que o mundo é mundo
a corrupção, a mentira e o conformismo se intauraram
e ninguém é melhor que ninguém.
É assim que fala todos os conservadores
os conspiradores da continuidade
pra justificar sua apatia covarde
e suas "vantagens espúrias".
Ari, Ari O Arivaldo

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