sexta-feira, 21 de setembro de 2012

OS SENTIDOS E A SAUDADE


Às vezes em atos cotidianos
nos vemos lembrando de alguém
eles, nos envolvem em saudades.
O tato, o olfato e o olhar vez em quando
são atingidos por estímulos
que nos reporta a lembrança de um ente querido.
Quando estou lidando com sal,
cominho, coentro e alho
fazendo um tempero caseiro
ou mesmo tratando um peixe
de imediato minha memória afetiva
me traz a lembrança da minha mãe
Seu sorriso maroto invade minhas lembranças.
A criança dentro daquela senhora
esteve sempre presente
Sua irreprimível gula lhe dava tanto prazer
que nos constrangia reprimí-la
Seus olhos brilhavam de alegria
e gemidos prazerosos embalavam
sua refeições prediletas.
Sinto saudade de você minha mãe
Gostava do seu despudor inocente
Inda me lembro dos gemidos de dor
provocados pela artrose
exacerbada pelo seus "quilinhos a mais"
Banhos de cuia no quintal
Andar na praia, tomar banho de mar
ou comer um marisco
me fazem sempre lembrar de você minha mãe.
Quando você se foi
parte de mim foi contigo
Tenho a esperança de vê-la ainda
Mas agora além dos sentidos
Quero comunhão com sua alma magnânima
nesse ou em outro plano
Dentro ou fora do círculo do tempo
Recorro a audição...
e se nunca lhe disse
entre lágrimas
agora lhe digo:
- Eu te amo, minha mãe!
saudades imensas
do seu filho
entre os muitos que teve
a quem se referia carinhosamente dizendo:
- Esse é o que mais parece comigo!.
Ari, O Iconoclasta.

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