terça-feira, 17 de maio de 2011

DEUS: SUBSTANTIVO CONCRETO

Não é só a gramática que afirma que Deus é substantivo concreto. Nada no mundo tem mais materialidade e concretude do que a crença em Deus. Mesmo o Apóstolo João afirmando em (Jo 1:18) que “Ninguém jamais viu a Deus”, Deus teimou em se materializar na pujança milenar da Igreja Católica e nas centenas de denominações ditas evangélicas que se espalharam mundo afora. Não esquecendo da religiosidade oriental em muitos aspectos bem mais acabada que o simplificado maniqueísmo da luta entre o bem e o mal que o cristianismo ocidental nos impõs.
Os milagres da ciência médica que dobraram o tempo de vida da humanidade; a evolução tecnológica que nos faz atravessar o planeta em naves tonitruantes e outros tantos milagres do pensamento metódico e racional, se incorporaram como naturais ao nosso cotidiano. Em compensação os milagres da fé continuam mantendo o seu fascínio primitivo.
A quantidade de maravilhas da fé anunciados pelas religiões cristãs não conseguem vulgarizar o milagre, tampouco a crença em Deus. Do jeito que vai, o SUS (Sistema Único de Saúde) vai entrar em parceria com as religiões cristãs e acabar com o déficit na Previdência. A quantidade de pessoas que são curadas de tudo quanto é tipo de doença nos púlpitos de templos cristãos, não está no gibi!
Durante os últimos 30 anos as igrejas evangélicas tem crescido pelo menos 2 vezes mais rapidamente do que a população. Se somarmos a isso a proliferação do pensamento religioso oriental através das religiões de de práticas médicas alternativas, podemos deduzir que o pensamento irracional, baseado na fé num Deus jamais visto, só fez crescer.
Parece que temos uma necessidade atávica, primária de acreditarmos em alguma coisa além de nós mesmos. Parece que a ciência só satisfaz as necessidades do corpo e não as necessidades da alma humana. Daí é instigante a gente ver nascer, diante do shoping Iguatemi - templo do consumo do capitalismo - um templo dedicado a Deus,, pomposo e triunfante, num dos metros quadrados mais caros de Salvador.
Deus é concreto porque nós o transformamos numa instituição. Reis, rainhas, estados nacionais modernos e nações imperialistas contemporâneas, usaram e usam o seu santo nome em vão. Está escrito em Filipenses 1:07: “Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento ou em verdade, nisto me regozijo, e me regozijarei ainda”. Pois, eu me importo! Causa-me profunda indignação ver tanta pessoas e instituições iníquas usando o nome de Deus para explorar pessoa simplórias e com issoo obterem vantagens materiais. Acreditem, não são só as autoridades temporais que maculam o nome de Deus. As religiosas o fazem com maior intensidade e vileza.
Deus para ser concreto em nossa vidas não precisa estar concretado em ferro, cimento e tijolo em Cristos Rendentores Provincianos, nem tampouco em catedrais pomposas que mais parecem museus. Talvez exista uma concretude divina que não habite as cores vivas das vestes dos cardeais e nem tampouco habite o espetáculo miraculoso da fé filmada em cultos evangélicos. Talvez longe desses ritos possamos nos encontrar e nos apaixonar de forma íntima e única com o mistério da existência. E para isso não precisamos de mediador nem concreto nenhum em nome de Deus.
Ari, O Iconoclasta. Salvador, 14 de maio de 2011, às 04h15min.

Nenhum comentário: